quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

Com-viver

                            Os    SEGREDOS DE UMA BOA  CONVIVÊNCIA
João Joaquim 


Com as mídias digitais e as redes sociais vivemos em uma atmosfera social com um intenso e intrusivo patrulhamento do comportamento das pessoas. A internet e todos os seus recursos vieram com esse poder, essa força de vigilância, de crítica e devassa social. E para ser justo, bem justo mesmo, as próprias pessoas ao se exporem  em demasia em suas páginas virtuais é que permitem e dão azo a que outras pessoas, na maioria das vezes desocupadas e vazias façam essa implacável vigilância e patrulha.
Sempre que escrevo e comento sobre as plataformas digitais, com suas ubíquas redes sociais, vêm-me à lembrança uma consideração do semiólogo, filósofo e crítico Umberto Eco (1932-2106). Perguntado pela jornalista Ilze Scamparini( Globo News) sobre a internet, o grande escritor italiano não titubeou: as redes sociais dão direito à palavra a uma legião de imbecis. E continua o entrevistado, “antes eles falavam em algum bar após uma taça de vinha e a conversa morria ali. Agora não, agora eles têm voz e vez”.
 E é isto mesmo. Conforme Eco, muitos têm direito à palavra como um prêmio Nobel. Os usuários da internet, na maioria esmagadora, constituem  um grande rebanho de pessoas sem outros objetivos maiores e mais nobres na vida. Esses recursos da Internet,  para elas, permitem a que façam as interações com o mesmo mundinho que as caracterizam; todos se encontram no mesmo vácuo , nas mesmas frívolas e insossas atividades. Nada fazem, nada produzem, existem num eterno far-niente.
A questão do patrulhamento e da vigilância digital traz-nos no bojo do mesmo tema outras questões das relações sociais que são as referências, as considerações, as titulações, as adjetivações, os apelidos, as apreciações sobre as atitudes e condutas das pessoas, o seu caráter;  e num grau extremo até os insultos que que são trocados. E trocados porque quase todos, insultados e insultadores pertencem ao mesmo jaez, à mesma tribo social.
Quando alguém recebe uma consideração, um comentário sobre si vindo de terceiros, sejam pessoas “amigas”, seja de alguém do ciclo de inimigos, a primeira reação deveria ser esta indagação  : trata-se de uma inverdade, de uma fofoca? Ou ao contrário: esse comentarista está se referindo a alguma característica de fato verdadeira? Um comportamento, atividade ou ato que cometi fora dos padrões sociais? Ora, se for isso necessário se faz uma adaptação. A abelha deve voar e se comportar conforme a ânimo e regras da colmeia, do contrário elas podem ser picadas pelas próprias companheiras.
Dentro dessa análise, como alvo desses comentários, adjetivações ou apelidos entram por exemplo referências étnicas, preferência sexual, cor da pele, etc. Nesses termos, conforme os objetivos e tom do insultador, estamos diante de um crime e necessário se faz gerar um boletim de ocorrência policial e denúncia ou queixa crime no ministério público.
Em suma aquilo que as pessoas dizem a nosso respeito pode ser uma verdade incontestável com a qual eu tenho que conviver. A análise também aqui deve levar em conta o objetivo desse comentarista, dessas considerações e características a mim endereçadas.
Nesse sentido, o tom, a intensidade desses títulos e atribuições. Mais do que  isto , a finalidade dessas atribuições. O inteiro teor, o objetivo desses comentários devem ser levados em conta. Até mesmo quando alguém nos dirige algum insulto, seja ele de que magnitude for, deve-se de forma civilizada e ponderada avaliar os termos empregados. E então de forma educada, polida, e  civilizada responder à altura a esse insultador ou impostor(a).
Há um princípio que afirma: “o insulto só funciona se você beber o veneno”. Assim devemos reagir quando alguém nos fizer alguma referência com intenção de nos irritar, nos desequilibrar ou tirar a nossa calma, a nossa civilidade. De sorte que fica claro que ao receber um veneno, ele só me intoxicará ou fará mal se eu o ingerir. Tomemos alguns exemplos da vida cotidiana.
Se alguém olha para você e o  qualifica de careca, de gordo, de baixinho, de velho, de pé-rapado ou gay. Nesse instante, você deve certificar se  se de fato trata de um atributo falso ou verdadeiro. Nessa circunstância os especialistas em comportamento humano aconselham como reagir. Como exemplo:  Se for um atributo falso e não injurioso ou não preconceituoso. O que revela esse comentário? Nada mais do que a dor moral ou inveja do insultador. Sua frustração, seus distúrbios adaptativos de sociabilidade. Nada além disso. Pode-se  tratar de uma pessoa perturbada e desequilibrada que merece o nosso desprezo. Só isso.
Como fecho desta matéria o que se deixa como dicas para qualquer um de nós é a busca de uma convivência pacífica e civilizada. Cada um de nós deve ter uma cartilha ou código de conduta nas relações sociais e referências ao outro.
Fazer comentários e considerações a respeito de quem quer que seja pode se tornar uma fórmula de inimizade e intolerância das mais biliosas.
Cada pessoa tem o estilo de vida e as escolhas e gostos ao seu sabor, de acordo com os seus valores, sua educação, cultura e formação escolar. Comentar que tal mulher ou jovem escolheu casar para ter um maridão que tudo patrocina para a esposa, que tal opção foi golpe do baú, pode ser a fórmula certa para ódio  , antipatias e muita inimizade. O que temos com isso?  Cada qual que ouça e enxergue conforme sua audição e visão. Inclusive quem está de seu próprio lado.  Janeiro/2019.         
João Joaquim - médico - articulista DM   facebook/ joão joaquim de oliveira  www.drjoaojoaquim.blogspot.com - WhatsApp (62)98224-8810

Andressa Médica

O CASAMENTO HIPOCRÁTICO DE  MINHA FILHA ANDRESSA DE SOUZA NEVES
João Joaquim  


 Uma das felicidades com que sonham os pais é a do casamento dos filhos. E esta felicidade é maior e mais magnífica quando é do casamento da filha. Aliás, é explicável. Quantos e quantos adjetivos se referem à noiva. Natural porque a mulher é de fato portadora de inúmeros qualificativos que faltam aos homens. Sensibilidade, encanto, sexto sentido, afabilidade, poesia, ternura. Enfim sobram adjetivações. No trato por exemplo dos compromissos afetivos e conjugais, alguém já ouviu falar em terno de noivo, gorro ou chapéu de noivo. Se for mulher, quantos adereços, perfumes,  bens ornamentais se destinam a elas, noivas. Vestido de noiva, véu de noiva, convite da noiva, noivado (da noiva). Ao ouvir o termo noivado, qual lembrança vem logo ? Claro que ela, a noiva. O noivo vem depois como mero acessório.
Basta parar e refletir sobre o papel e os  rituais esponsalícios. Tome como exemplo a celebração religiosa. Alguém presta atenção na entrada do noivo na igreja ?  Só se ele atrasar ou cometer alguma gafe ou deslize na hora do sim. Tudo e todos os olhares, câmeras e filmagens estão voltados para ela, A Noiva.  O vestido, o véu, o buquê de flores, suas maquiagens , adereços e sua expressão de felicidade. Não remanesce controvérsia de que casamento parece uma convenção e celebração feminina. Basta um olhar mais atento e considerar que até os padrinhos e madrinhas, as crianças acompanhantes  que fazem o séquito da noiva adquirem signos e cores diferenciadas. Tudo voltado para ela, símbolos e signos da feminilidade.
Eu, de minha parte quando fui casar e receber a minha ex-noiva (Sandra Regina Araújo), hoje minha esposa, guardo vivamente essas imagens. Ela toda bela, airosa, elegante, entrando com todo aparato na igreja e o aqui mero figurante lá atrás nas fileiras dos presentes , praticamente anônimo. Nesse quesito foi até reconfortante, dado que sou mais tímido e recatado.
A questão é que a tradição dos casamentos tem mudado. Hoje não se casa tanto ornamentalmente e majestosamente  como antigamente. As celebrações, os ritos e os arranjos conjugais vêm se modificando. E é compreensível considerando a evolução, os avanços tecnocientíficos , e nesse rol entram também as modificações do comportamento das pessoas, das famílias;  inseridos que estamos na chamada hipermodernidade, era digital, tempos da hiperconectividade e da comunicação instantânea.
Neste janeiro de 2019 eu estou desfrutando da felicidade do casamento de minha filha. Tenho  dois filhos, a primogênita, Andressa e o caçula, Gustavo. Minha filha está me proporcionando a 2ª  maior felicidade, depois da felicidade de seu nascimento. De forma sumária, eu explico como foi esse arranjo nupcial.
Tudo se iniciou com um flerte e vocação natural, um namoro e noivado de 6 anos e a conclusão do enlace conjugal. Antes de revelar o noivado e a união conjugal, aliás estabilíssima, eu conto um pouco de sua infância.
Lá pelo ciclo maternal, 4 anos, 6 anos, 8 anos de idade um dos brinquedos ou mimos de Andressa eram suas bonecas. Com esses objetos humanos ela já instintivamente se fazia passar por babá, por mãe e não raro se representava como médica das próprias bonecas. Nisso pode-se concluir que a natureza é sábia e não faz nada por acaso e por saltos. Ela, aos poucos vai nos mostrando os seus desígnios, a que fomos destinados. Caprichos de nossa existência.  
O primeiro grau se fez no Colégio Agostiniano ; o  segundo grau no colégio WR Goiânia. Dessa fase do ensino fundamental, A Andressa traz construtivas reminiscências, marcas das melhores amizades feitas com colegas de ensino e de seus professores.
No ensino fundamental a Andressa já tinha decidido o alvo de seu principal namoro. A Medicina. Ou seja seu noivado e casamento com a profissão médica já tinham prenúncios na idade das bonecas. Tudo se fez de forma natural. Aos 24 anos de idade ela se graduou (casou) em Medicina pela UFMG –Belo Horizonte MG, em dezembro/2018.
Comparativamente a Medicina se equivale a um noivado e casamento;  uma união conjugal das mais estáveis e duradouras. Pensem bem! Quantas separações e divórcios se dão entre os casados tradicionais ? A chance do médico ou médica se divorciar da Medicina é quase zero. Este sim ! Pode ser considerado um SIM dos mais leais e fieis ,  até que a morte os( profissional e a Medicina) separe.
 Todo enredo desse estável e fidelíssimo casamento se dá assim: Primeiro o (a) jovem tem atração pelo curso. Pede-se então  a mão (consentimento) à universidade via  vestibular ou ENEM. Aceito a relação afetiva (aprovação) inicia-se o namoro. E os primeiros anos constituem de fato um namoro, uma confirmação do amor e afetividade entre o aluno (a) como namorado(a) dessa Arte e Ciência do cuidado da saúde, do bem estar e da vida das pessoas.
Passados os quatro primeiros anos, vêm o 5º e 6º anos, que representam o noivado. Períodos em que os alunos iniciam a fase mais importante do curso. É o contato com as disciplinas de forma prática e com o atendimento aos doentes. Aqui pode-se afirmar que a relação não tem volta. Todos já se sentem meio médicos.
A Medicina em tudo se assemelha ao casamento quando dos rituais da formatura. Até mesmo com os convites aos escolhidos para as cerimônias e baile final. Têm-se a missa com os formandos e familiares, a sessão de colação de grau com a entrega dos diplomas e por último  a grande festa com o baile dos formandos e convidados.
E não esqueçamos que o casamento entre formandos com a Medicina tem o registro no civil, que é o registro no Conselho Regional de Medicina. Tudo a ver. E justiça seja feita, diferente do casamento entre pessoas, tanto o jovem como a jovem médica, recém casados, terão direito e dever de trajar a mesma indumentária, por exemplo roupas brancas. Como o popular jaleco. Esses acessórios de cor branca, são como véu da noiva ou bata de branco para o noivo. 
Por isso minha felicidade e orgulho de participar e ser pai de uma filha médica;  minha herdeira na profissão , Dra Andressa de Souza Neves. A ELA, declaro casada com essa das mais belas profissões, A Medicina; a Ciência e a Arte do cuidado e amparo às pessoas que de alguma forma padece de algum mal, seja este da alma ou do físico.  Parabéns minha filha ,  por me produzir tão grande realização, contentamento e felicidade. Janeiro/2019.


O Natal vem de....

AS VERDADES SOBRE O NATAL E PAPAI NOEL
João Joaquim  


As festas natalinas e  a confraternização universal pela chegada de ano novo nos trazem muitas reflexões. Trata-se, de fato, de uma ocasião especial de eflúvios de muita alegria e felicidade. E não importa, para a maioria das pessoas, tudo se dá de forma irrefletida, com distensão e expansão dos corações e do espírito. Na essência e nos efeitos, todas as celebrações, júbilos, prazeres, comidas e bebidas fartas constituem lenitivos, bálsamos e tranquilizantes para as angústias, para as dores do físico e da alma, para os transtornos de ansiedade de todos os convivas dessas festas, mimos, votos de felicidade, trocas de presentes e prazeres, muitos prazeres regados a vinhos, champanhes e outras libações ao gosto de cada participante.
A primeira reflexão extraída dos rituais de passagem do Natal e ano novo é esta, do prazer a todo custo. E como custa porque tudo de consumo em dias de natal e ano novo vale muito dinheiro.
A segunda reflexão tem nexos com o consumo, com o materialismo. É de longe o festival, o encontro de todos os símbolos e consubstanciação do culto ao mundo material, ao luxo, à riqueza. Há na mente, nos desejos, na ânsia e instinto das pessoas a insaciável luta, movimento, empenho em apossar do melhor bem pessoal, do presente, do prato mais saboroso, dos espocares  de espumantes. Comer, comer, comer! Não importa se no outro dia restará disposição para o trabalho, para os compromissos diários .  Comer não basta, tem que se fartar. Essas expansões dos instintos e desejos de consumos vêm de priscas eras, como veremos a seguir. 
Assim, está é a primeira grande consideração de Natal. Por que de tanto fervor, de tanto apetite com os quais as pessoas entregam à prática de tanta glutonaria, do consumo farto e desmedido de alimentos e bebidas? Como de todos conhecido, Natal, ou 25  de dezembro, por convenção e simbolismo é a data de aniversário de Jesus Cristo. Trata-se de uma convenção porque não há comprovação histórica do nascimento de Jesus.
Sabido é que quando o filho de Deus esteve nesse planeta, ele assumiu a condição carnal humana. Ele respirava, suava, tinha fadiga, sede e fome. Como qualquer humano. Mas, não é sabido através das escrituras sagradas e evangelhos que JESUS fosse dado a exageros e orgias alimentares. Muito menos a libações festeiras de qualquer natureza e troca de presentes suntuosos. 
O que a historiografia e antropologia nos mostram vem de outros tempos. A festa que temos hoje como natal começou 7 mil anos a.C. Na antiga Pérsia se reverenciava o deus Mitra, símbolo da luz. O que se comemorava era o solstício de inverno do polo norte. O dia de maior luz ou sol seria entre os dias 22 e 23 de dezembro. Tempo do sol invicto. Do triunfo da luz sobre as trevas.
Na Grécia tais festivos dias  se referiam ao deus do vinho, Dionísio, daí as dionisíacas, comemorações de muitas libações alcoólicas e comidas de toda ordem. Em outros países e regiões tinham ainda as saturnálias em homenagem a saturno, o senhor e protetor da agricultura. E nesses cortejos tudo era regado a muita bebida e tudo de comer. Nessas festanças e orgias havia o costume da troca de presentes. Vem dessa cultura o expediente atual  dos ocidentais da troca de mimos e presentes. Como convencionado presentes do Papai Noel.
No Egito o deus homenageado era Osíris, representante dos antepassados e do mundo dos mortos. Na China o costume de muita importância era o significado do  Ying e Yang, como representação da harmonia da natureza, a noite / dia, a lua / sol, do belo / feio. Enfim, da dualidade das coisas.
No mundo ocidental essas datas ganharam novos arranjos e novo simbolismo. Têm-se então o peso e os rituais do Cristianismo.  Uma observação a se fazer é que muitos mártires e santos são lembrados pela data da morte e não do nascimento. É o exemplo de Jesus Cisto. Não se tem a precisão de seu nascimento. Daí se comemora ou reverencia o dia de sua crucificação, 6ª  feira santa, e sua ressurreição (Páscoa). Tiradentes, o mártir da Inconfidência Mineira, comemora-se o dia de sua morte 21 de abril.
No ano de 221 d.C o historiador cristão Sextus Julius Africanus estipulou o dia 25 de dezembro como o dia do nascimento de Jesus. A mesma data natalícia do deus Mitra Romano. Houve então uma mudança da homenagem do solstício de inverno, do sol invicto (vencedor) ou do deus Mitra para a homenagem a Jesus, 25 de dezembro, natal, nascimento de Cristo, nosso Salvador. Tal mudança agradou aos líderes católicos e passou a ser comemorada como Natal. E a data pegou. Ficou como símbolo.
A figura do papai Noel começa com o bispo e depois São Nicolau. Tudo se originou na cidade de Myra, Turquia. Além de bispo o homem era rico e generoso. Tanto que nessa época ele de forma anônima deixou a 3 filhas de um pobre morador da cidade de Myra sacos de moedas de ouro, como prendas para elas se casar. Que belo presente. Daí surgiu o adjetivo Natal (nascimento, de christi natalis dies).
Em 1640, a Inglaterra, através do Rei Charles, tentou abolir os festejos de natal. O rei foi derrubado, veio outro chefe de Estado e a tradição de Natal foi mantida. Com a revolução industrial novos arranjos e figurações foram dadas ao Natal.
Vimos que a figura do papai Noel foi inspirada no filantrópico e caridoso São Nicolau. Em 1862 o figurinista Thomas Nast vestiu de forma vistosa e vermelha e bom velhinho do Natal.  E para evitar disputas patronímicas deu-lhe uma residência isolada e neutra, a Lapônia, onde o bom e simpático velhinho, de vermelho e barbas brancas  se move puxado por mansas renas.
Agora, para quem não sabe pasme e durma com esta sacada. O papai Noel, vestido de vermelho, de gorro e barbas brancas, como o vemos hoje em todos os comerciais é uma tirada comercial e invenção da empresa coca-cola. Tudo iniciou em 1931. O próprio biótipo do generoso velhinho, de abdome bojudo e saco de presentes revela as boas intenções da multinacional de bebidas e comestíveis. A própria aparência do Noel como a temos hoje lembra muito o design das garrafas de coca-cola. Tem-se então aqui a verídica e inaudita história do Natal e do papai coca-cola, ou melhor do papai Noel .  Janeiro/2019.

Pareço e Sou..

PRIMEIRO AS APARÊNCIAS DEPOIS A ESSÊNCIA

João Joaquim  
Conforme teorizou Jean-Paul Sartre assim se dá a estrutura do homem; primeiro tem-se a existência, depois vem a essência. Tivesse esse grande pensador vivido até os dias de hoje, século XXI, era da “modernidade liquida” e descartável, talvez ele pudesse modificar  o seu princípio. Quem sabe este: primeiro tem-se a existência depois a aparência e por fim a essência. O mundo se transformou em demasia nos estertores do século XX e nos albores do século XXI. Como ficará a sociedade em meados e fim do século XXI? A sucessão de mudanças tem-se dado em ritmo frenético. Tudo tem-se dado de modo fluido, líquido, volátil e imprevisível. O tempo, que tempos! Os dias correm e tudo (se)transforma.
Paul Sartre (1905-1980) viveu um século de guerras, de transformações geopolíticas e econômicas, de confrontos de ideologias políticas, de guerra fria entre o mundo capitalista (EUA) e o mundo comunista (ex URSS). Ele não viu o surgimento da internet. Este mundo de agora das comunicações prontas e instantâneas, do poder e penetração das redes sociais.
Hoje, além das guerras endêmicas que continuam ceifando vidas, temos uma guerra de informação. São as fake News, as fofocas, a vigilância eletrônica, a bisbilhotice  da vida alheia, a invasão da privacidade das pessoas e tudo quanto de mensagens de conteúdo vazio, rasteiro, fútil e difamante. Como acertadamente opinou o escritor e semiólogo Umberto eco (1932-2016) a internet e as redes socais permitiram a que uma legião de idiotas e imbecis tivessem vez e voz. 
Se  antes eles falavam em algum bordel ou botequim e ali mesmo findavam suas bobagens e frivolidades, agora eles dispõem desses canais por demais livres e democráticos, as redes sociais. Todos agora expressam o que quer, como querem  e a hora que querem . Sem filtro, sem barreiras, sem um controle de qualidade.
Eu não quero passar por um  idiota, nem retrógrado, em desclassificar, praguejar e demonizar o mundo virtual e suas plataformas de navegação, as redes sociais e tudo quanto nossa  sociedade dispõe de mídias digitais. Seria no mínimo uma atitude ou reação de néscio e paspalhão. O que se considera de incontestável é que a internet com todos os seus aplicativos de conectividade se constitui numa invenção maravilhosa e grande legado do final do século XX. Os seus idealizados não a projetaram pensando no mal, em futilidades. Acima  de tudo, foi uma invenção que veio para adicionar comunicação confiável, cultura, informação e entretenimento.
Na função de comunicação e cultura o quanto se tornou uma  ferramenta preciosa e imprescindível na educação e formação profissional em todos os níveis de ensino. Basta reportarmos aos exemplos dos países desenvolvidos como Coréia do Sul, Noruega e Finlândia, onde já quase não se utiliza o livro físico. A tendência tem sido a alfabetização com o emprego do livro eletrônico, o e-book , da internet e as plataformas digitais. Uma qualidade dessas novas tecnologias na educação é a economia de papel, preservação da natureza (menos árvores derrubadas) e menos lixo ambiental.
Numa análise desapaixonada e isenta, o espaço virtual e todos os recursos digitais não diferem dos ambientes físicos, dos recintos sociais e vias públicas. Aqui e ali onde se davam e se dão as relações sociais, as interações e conexões pessoais. Sejam estes espaços e arenas antes e pós-internet.
Ao se trazer à baila tudo que se nos apresenta de belo e feio, de bom e mau, do virtuoso e degradante, está a se falar dos múltiplos comportamentos, das inclinações e gosto das pessoas. Tomando apenas as redes sociais como partes do mundo das pessoas, elas se tornam apenas vetores, veículos eficientes e céleres do caráter, das preferências, dos valores e cultura de seus usuários. Todas as mídias e redes socais (facebook, whatsapp, twitter) constituem em veículos os mais libertários e democráticos do planeta. Basta comparar com o rádio, o telefone fixo e a televisão. O custo de mensagens nestes veículos já os tornam inviáveis para as pessoas comuns. Todas as mídias sociais são praticamente gratuitas.
Para quem quer que seja as redes socais representam muros de exibições, praças de desfiles, outdoor de propagandas. Ferramentas empregadas para o bem ou para o mal. Através delas cada um mostra suas aptidões, suas habilidades, seus dotes morais ou culturais.
São agendas onde as pessoas apresentam o que têm. Os atributos pessoais, o patrimônio cultural ou material. Entre esses as plásticas realizadas, os tratamentos cosméticos , os implantes de silicone ou PMMA – polimetilmetacrilato-, e outras estéticas de rejuvenescimento. Até os riscos de complicações, de morte,  as consequências éticas e criminais de profissionais nada habilitados nesses procedimentos. Tudo ganha visibilidade pelas redes sociais.
Uma nova realidade tem-se tornado  visível com  o advento das ferramentas virtuais, a perda da intimidade. Foram abolidas, portanto,  a privacidade, o recato, o pudor (vergonha) e o sigilo pessoal. O usuário almoça e posta, viaja e  posta, namora e  posta, vai a praia e  posta, faz plástica e  posta, tira foto nu e  posta. Todos livres, leves e soltos.  Primeiro as Aparências, depois vem a Essência. Janeiro/2109


Amor

A SEMÂNTICA DO AMOR 


O tempo! Ah, o tempo! Como ele passa e tudo se transforma! Como essa variável cósmica tem a potência de re-ssignificar as coisas! Variável cósmica? Meu admirável Einstein, minhas escusas se expressei errado. Talvez uma constante cósmica. Ele passa retilíneo, faceiro e indiferente com os humanos. Lá do olimpo, chronus foi mesmo implacável com os humanos. Passageiros Somos. Somos todos passageiros pelo mutável universo. Pelo nosso universo que já é demais, infinito universo. Muitos universos .
Estava em minha pausa para o ócio e para não ficar na ociosidade veio-me a reflexão do efeito do tempo. Em tudo, nas coisas, em nós, em nossos sentimentos, no re-ssignificado das palavras. A mudança de valores. De valor? De valor. Pegue U$ 1000,00. No ano passado eles valiam 1000 dólares. Agora não vale mais. Novecentos? Oitocentos? Depende de  inflação. Até o custo do valor muda, o significado muda. Quer outro exemplo? O amor.
Qual o preço do amor? Não se sabe. Ele costuma valer muito. Costuma não valer nada. Ele deveria não custar nada. Ou será que se compra amor? Quanto custa o amor? Depende do amor. Para isso criaram até o plural para o amor. E essa história começa lá nos idos da Grécia e de Roma. O Eros da Grécia, cupido de Roma. 
O amor na era pós industrial. No tocante ao amor conjugal. Tomemos o Brasil como foco dessas observações. Não difere das culturas de muitos países. Talvez até com regras mais rígidas no tocante ao casamento. Em fim do século XIX e início do século XX havia grande influência, senão uma decisão absoluta dos pais, em escolher os cônjuges para os filhos. Sobretudo quando era para se casar a filha;  os pais escolhiam os pretendentes para as filhas. Seria esse, um amor impositivo.?  Será que se aprende a amar?  Nâo seria o amor um sentimento inato, imanente a cada ser vivente. O homem ama, os animais amam.
Parte dessa falta de liberdade dos jovens nas relações de namoros na escolha dos cônjuges e opção sexual ainda perdurou até os anos 1960.Tal mudança e liberdade se dão no pós guerra (2a  guerra mundial), sobretudo nos movimentos de liberdade e mudança de estilo de vida, revolução da juventude,  rock holl , pílula anticoncepcional, movimento dos hippies , Revolução dos jovens  ,de maio 1968.
Amor! Ah, esse amor. Como ele se reverbera na boca das pessoas, em toda forma de comunicação. Fica a sensação que ele está agastado e cheio de fastio . É amor pra lá , amor pra cá . Como anda o amor ?
Na filosofia o amor é tratado à exaustão. Para ele tem-se até uma terminologia específica. Em grego é referido como Eros. Daí deriva o verbete erotismo, erótico. Eros é referido como a busca da beleza ideal, a sublimidade, a harmonia, a perfeição. Na forma latinizada ou romana temos o cupido. Têm-se ainda outras denominações como philia. O nome philia traz o sentido de lealdade, do desejo de bem e da generosidade ao outro. O termo ágape também refere-se ao amor. Seria o mútuo amor entre Deus e os homens;  um sentimento e cuidado intercambiáveis.
Trazendo o amor para nossa modernidade ocidental. Quanto à simbologia. Os objetos mais populares continuam como a maçã, o coração, os dedos das mãos fletidos num gesto do coração. A flecha trespassada pelo coração, símbolo da ação do deus cupido. A flecha é como se o pretendente capturasse os sentimentos e o coração da moça e vice-versa.
Mas, o tempo! O tempo e o capitalismo deram um jeito de promover as  mudanças no jeito de amar-se e de amar. Com isto a ressignificação para o amor. Subliminar e dissimuladamente a sociedade deu novos rumos e novo status ao amor. Se em idos tempos, as famílias, os pais eram como despachantes na arrumação dos casamentos para os filhos, hoje, nem tanto deles mais tem-se necessitado para tais empreendimentos.
E os novos símbolos? Valem muito para as meninas, para as jovens. Uma ótima condição socio-profissional do namorado e pretendente, salários avantajados, fama, celebridade ainda que instantânea. Cifrão ($), midiatismo, visibilidade televisiva. Sãos estes os novos símbolos do amor moderno. Tempo! o tempo! São tempos modernos.  JANEIRO - 2019


Tirania de gente

A TIRANIA DAS RELAÇÕES DE TODOS NÓS

JOAO JOAQUIM 



O tema aqui será uma viagem, uma digressão  sobre a vocação ou inclinação do homem pela violência, nas suas mais variadas formas, pela tendência de agressividade que está latente dentro de cada um. Ou em outros termos  pela opressão, pela exploração, escravidão e dominação do outro. E esse outro está contido num largo espectro de pessoas, indo desde o indivíduo estranho, um subalterno, um empregado, um colega de trabalho,  um parente; não importa o tipo de vínculo social estabelecido. Se buscarmos todas as referências da humanidade, lá estão consignados os eternos embates. Os conflitos, a exploração, a opressão, os casos de violência, de injúrias e assassinatos, pelos motivos os mais torpes e indignos. Entre esses motivos temos como exemplo, a inveja, o ciúme; ou o simples desejo de maltratar  e busca de  dominação do outro. 
Na tradição bíblica, temos lá a narrativa da família adâmica. Adão e Eva tiveram dois filhos, Caim e Abel. Ambos dedicados a ação de pastoreio. Num desentendimento banal, Caim comete o 1º assassinato da história, matando o próprio irmão. O primeiro fratricida descrito na trajetória do homem, em sua conduta de violência. 
Ao revisitar a história e evolução humana elas estão repletas de violências e mais violências, de torturas, de tiranias, de morte por razões de todos os matizes. São os motivos passionais, por posses de territórios, por conquistas de outras nações, por ciúmes e invejas, por motivos religiosos, por simples domínio territorial, por simplesmente querer atingir os objetivos através da aniquilação e morte do concorrente e rival. Há uma diversidade de violência. 
Buscando exemplos na seara e domínio das religiões. Se revelam os casos mais esdrúxulos e mais incompreensíveis quando o assunto é o sentimento da violência praticado contra o outro. Só porque ele pensa, ele professa e pratica uma religião diversa de quem o oprime, persegue, agride e mata. Se revela um fenômeno que tem a idade  do próprio homem quando se busca os registros de cada seita, cada denominação religiosa, cada expressão de fé.
Olhemos a história das cruzadas, da perseguição dos cristãos por muçulmanos e vice-versa, o massacre da noite de São Bartolomeu (1572) em que mais de 1000 huguenotes (protestantes) foram mortos pelas forças leais ao governo francês. Tudo isto antes da reforma de Martinho Lutero, na Alemanha. Nenhum exemplo maior de intolerância, violência e opressão existe na história do que os praticados pela inquisão da igreja católica. Eram atribuições do tribunal do santo ofício. Eram violentas repressões contra heresias, tanto de natureza religiosa como as contra judeus e muçulmanos, bem como as de natureza científica. Toda orientação ou descoberta científica que contrariavam as “verdades” ou dogmas da igreja católica e seus líderes estaria sujeita a um processo canônico (direito canônico da igreja católico), a um julgamento sumário pelo tribunal do santo ofício e a pena de morte na fogueira. Foi o que ocorreu com Giordano Bruno (1600). Ele era teólogo, escritor e filósofo. Giordano  foi acusado de heresias por apontar erros nas doutrinas da igreja e contrariar “as verdades” impostas pelos líderes do catolicismo. Ele foi processado, perseguido e por não renunciar às suas convicções religiosas e científicas foi queimado vivo.
O mesmo destino quase teve Galileu Galilei (1564-1642). Ele defendeu sua descoberta do sol como o centro do universo, o heliocentrismo , em oposição ao que acreditava a igreja no geocentrismo, a terra como o centro do universo. Ele foi preso e julgado. Só não foi para a fogueira porque se amarelou, teve que negar publicamente a sua teoria e foi poupado de virar cinzas. Há quem afirme que ao contrário de Sócrates e Giordano Bruno, ele foi um fraco. E assim evolui toda forma e natureza de violência, tendo sempre o ser humano como protagonista dessa ação. 
O que parece conclusivo é que o homem traz uma semente, um germe, um fermento de ódio e violência dentro de si . Seja no cenário ideológico, no político, no religioso. Ninguém está a salvo da sanha e dos instintos agressores e perseguidores daqueles que acham que existem apenas as verdades de um lado, de algumas cabeças pensantes. Não há respeito e aceitação da diversidade, da autonomia e do direito do livre pensar e expressar do outro.
Um cenário onde vicejam as cenas de violência se encontra nas torcidas de futebol. As expressões e atitudes de violência dos estádios e arenas de futebol nos lembram o que se praticava no antigo coliseu de Roma. Naqueles idos e negros tempos os torcedores entravam em delírio quando prisioneiros e inimigos políticos eram jogados para serem devorados pelas feras mais perigosas como tigres e leões.
Nos tempos modernos os confrontos entre torcedores de futebol fazem o mesmo que faziam os gladiadores do coliseu romano. Brigas, violência de toda ordem, aniquilação e morte dos rivais. Pelo banal motivo da vítima torcer e simpatizar pelo time rival do agressor. Existe uma razão mais fútil do que esta para matar uma pessoa ?    Novembro/2018.              

ALUGAM-SE PESSOAS

ALUGUEL DE PESSOAS

João Joaquim  

Quando se fala em aluguel ou locação vem à mente de qualquer pessoa aquela tomada de empréstimo de um objeto, um bem, um imóvel, um animal para cavalgadura e outros serviços. E até mesmo os próprios serviços. Nos tempos modernos, de tantas mudanças sociais, das relações humanas mais distensíveis surgiu um novo tipo de aluguel. O de pessoas. Com um diferencial nesta nova modalidade, em geral não se paga nada pela locação. Esse novo inquilino pertence ao grupo dos folgados ou exploradores de gente. Geralmente esse novo locatário é um parente (a), um classificado amigo próximo ou contraparente ou  aderente. Não importa.
Essa relação em geral se estabelece, não de forma um tanto sub-reptícia ou de chofre, mas à moda paulatina e dissimulada. Os meios empregados são vários. Indo desde a posse de bens e objetos e dinheiro do outro até a ocupação do tempo.
O aluguel da pessoa pode se dar na forma abstrata. Isto é : nem sempre de forma substancial ou material .  Pode ser  via celular ou pelas  redes sociais. E a vítima ou locador vai se enredando, caindo nas graças ou rede desse novo inquilino . Nessa modalidade de aluguel, a vítima ou locador vai dispondo de seu tempo, minutos, horas a fio por conta de quem aluga a pessoa.
Era uma vez, já faz duas décadas, eu ouvi um antigo professor meu dar uma entrevista. Coisa rara em suas aparições. Chamava-se Joseph Minder (1940-2010). Pela raridade tal entrevista ficou em minha memória permanente. Minder era um profundo estudioso de sociologia, psicologia do comportamento humano e filosofia. Muito centrado, introspectivo, cenho sempre severo, pouco riso e fala escandida e serena. Reverberava um misto de admiração e respeito. Suas frases e opiniões, quando proferidas soavam como diretrizes de vida. Nessa fortuita e inopinada entrevista o professor Joseph, como era arguido falava sobre a exploração do outro. Uma expressão por ele empregada ficou inscrita em minha mente. “O aluguel do outro”. Locução que fez parte da temática, a exploração do outro.
Ao se falar na questão do exploração socioeconômica, poder-se-ia buscar as teorias já bem conhecidas do comunismo, do capitalismo, das teses de Karl Marx. Sua obra mais conhecida é o Capital. Soa estranho! Mas, o título é esse mesmo;  da relação entre capitalismo, poder e proletariado.
Nem tampouco quero falar da escravidão social , naqueles moldes mais hediondos, quando os africanos negros eram tratados como animais. Digo mal porque eram tratados ou maltratados pior do que animais, seviciados, torturados e mortos. E vendidos como mercadorias. Aquela escravidão horrenda, medonha, terrificante foi abolida no Brasil, em 1888. Decreto esse assinado pela princesa Izabel, a filha de Dom Pedro II, que estava em viagem , fora do País.
Hoje, impera no Brasil e no mundo a chamada escravidão dissimulada, de brancos e negros. Não importa a etnia. Temo-la de duas categorias: a informal e a formal ou legal. Na categoria informal, a escravidão se dá no mesmo estilo de tráfico negreiro. O trabalho é do mesmo modo explorado. Em geral o trabalhador braçal é cooptado por um agenciador, levado para os campos agropastoris e lá mantido como em trabalhos forçados. Sem as mínimas condições sanitárias ou tratamento digno, sem salário ou direitos trabalhistas. Já na chamada escravidão formal, o operário, seja ele rural ou urbano (construção civil, infraestrutura) tem até carteira de trabalho assinada, direito de atendimento pelo SUS, etc.
Todavia, se ele adoecer tem o risco de morrer nas filas dos hospitais públicos, os filhos estudam nas piores escolas públicas. Ao final de cada mês, o salário mal dá para o aluguel de um barracão ou casebre popular. Depois de 35 anos trabalhados, o proletário, já todo alquebrado, esclerótico e debilitado vai receber um mísero salário mínimo. Isto se o trabalhador sobreviver a esse saco de injúrias. Talvez os braçais da escravidão negreira tivessem melhor qualidade de vida. Ao menos o sujeito comia muita feijoada, garapa, melado e rapadura.
Conforme preleção do professor Joseph, existe no íntimo de muitas pessoas uma semente desejosa de explorar o outro em todas as suas potencialidades e força de trabalho. Em um outro polo, existe também uma legião de pessoas com uma predisposição em ser exploradas, sugadas, alugadas e maltratadas.
Há um livreto, uma obra, pequena em volume, mas magnânima nesse sentido. Chama-se o discurso sobre a servidão voluntária, de Éttienne de La Boétie ( 1530-1563) . Nessa monumental tese Éttiene fala da relação que se estabelece entre o tirano e os súditos ou tiranizados. Tal relação de explorador e explorados vai se fazendo em cadeia num efeito dominó. O mais curioso é como tal ligação se dá nas cenas e rotinas, as mais comezinhas e ordinárias das pessoas. No caso de um tirano de Estado. Ele tem um séquito de pessoas que o assessoram. Ministros, chefes disso e daquilo. Estes , por sua vez, vao tiranizando e alugando os subalternos, os de hierarquia menor.
Nesse sentido, basta que cada um olhe para o seu círculo de “amigos”, colegas, contatos os mais variados. Esse entorno está representado por parentes, contraparentes, aderentes e repelentes. São os manos, os cunhados, os concunhados e outros tais. Como se encontram esses tais fidagais nos meios familiares!
Assim, ninguém escapa a esses alugadores e alugadoras. São exploradores (as) dos parentes classificados como bonzinhos, solidários, gente boa. Muitos dos, de fato, aqui generosos e honestos são manipulados, alugados e sugados em sua energia, em seus préstimos pessoais, em suas horas de direito ao descanso e ao ócio.
Na lábia e aliciamento desses indesejados parentes e contraparentes vão ainda objetos e utensílios nunca devolvidos, empréstimos de dinheiro nunca pagos e outros mimos e favores jamais retribuídos na mesma intensidade.

Por isso concluo que a melhor resposta contra esses aluguéis e exploração pessoal; o melhor troco ou revindita a essas insolentes pessoas é um contundente e penetrante. Não. Se insistirem, não e não!. Dezembro/ 2108

Assassínios (as) de Reputações

Quando se fala em assassinato, tem-se logo o conceito desse delituoso feito. Ato de matar, de eliminar o outro, também chamado de crime cont...