sábado, 30 de março de 2019

INTER-naufrágio







A INTERNET É DO POVO COMO A POCILGA É DOS PORCOS
João Joaquim  

Quando os pesquisadores, as forças armadas americanas e a NASA inventaram a internet, o mundo inteiro comemorou a descoberta do enorme recurso da informação. Estava também inaugurado o início da informática. O processo se deu nesses termos: havia a necessidade de transmissão de dados do Exército Americano, da NASA, do governo. Daí surgiu a ideia de se criar uma rede de comunicação entre esses órgãos. A princípio a internet foi pensada como um recurso de comunicação de Estado, não aberto ao público. Mentes democráticas e libertárias facilitaram o imediato acesso a todos e a grande rede (www) ganhou a dimensão que se tem hoje.
Acredita-se que a internet seja uma das grandes conquistas da humanidade no século XX. As críticas são convergentes a que ela se tornou a meio de comunicação mais acessível a todas as pessoas. De custo/benefício extremamente prático e capaz de utilidade a quem quer que seja, independentemente do credo, de ideologia e de ser alfabetizado ou não. Olha que útil esta característica, quantos e quantos analfabetos absolutos ou relativos fazem uso das redes sociais! O sujeito pode não saber ler ou escrever, mas tem-se lá, de fácil manuseio envio de imagens e áudios. É a comunicação audiovisual. E como se tornaram poderosas!
Colocada ao pública, a grande rede mundial de computadores gerou outros descendentes. Vieram então as redes sociais. Tivemos inicialmente os chats, o Orkut (já extinto) e preponderantemente as redes sociais. O facebook, o twitter e whatsapp são os grandes aplicativos da comunicação da era digital. O Email tem sido empregado de forma periférica. Como toda invenção ou descoberta a internet trouxe também a sua utilização colateral. São os efeitos colaterais da grande invenção. Não é que os inventores da internet e das redes sociais tiveram também pensamentos e concepções malignas ou que invenções e inventores tenham um quê de nocividade e fermento do mal. Todos são absolutamente neutros e inofensivos. A questão central e estrutural está na mente, no espírito e intenção dos usuários, no caso aqui dos internautas. Bem comparando, tomem a internet e todo o mundo virtual, como uma praça pública. Lembrando o nosso grande bardo Castro Alves, “a praça é do povo como o céu é do condor”. A internet além de livre e libertária é uma praça liberta e libertina, onde tem liberdade o monge e o cafetão, onde atua o indivíduo legal e o pirata, onde se expresso o pudico e o devasso, onde trabalham os éticos e os honestos, mas também exibem suas futilidades os folgados e parasitas.
Expressando assim pode até parecer, sugerir ou insinuar que a internet seja a responsável por tanta vagabundagem e desocupação. Pode ser quase isso mesmo. Na verdade vagabundos, folgados e parasitas sempre se fizeram presentes em todos os recantos do planeta. A diferença é que agora eles têm mais voz e vez. Eles ganharam destaque, eles são ouvidos e o que é pior, eles fizeram seguidores.
A corrente deles se fizeram nesses termos, facilmente identificados. Imaginemos o surgimento do facebook. O primeiro cadastrado, criou o seu perfil e fez o que ele chamou de “amigos”( na verdade fantasmas de fótons e cores), são os contatos desse primeiro navegante (internauta). No caudal desses novos contatos, foram surgindo novos usuários: “ novos amigos” e contatos;  e assim geometricamente progressivos.
E como se dá essa rede ou teia de usuários por todo o planeta? Toda a engenharia ou processo se faz pelos grandes provedores da internet. Pegue-se o exemplo do facebook.
As inteligências ou administradores do facebook agem de forma muito sub-reptícia, aliciante e ardilosa. De forma inebriante e paulatina todos vão sendo enredados.
Para se tornar um usuário, primeiro se oferece de forma ingênua e graciosa todos os dados pessoais, os gastos, e ganha-se um identificador. A partir daqui entra em ação a inteligência artificial (IA) do provedor. Pronto, aqui o indivíduo cai nas malhas da rede daquele site e não tem volta. O usuário e cadastrado se torna uma presa fácil, tanto do provedor como dos anunciantes. Todo apelo de consumo é dirigido ao assinante, ao seu gosto e preferência. E como pululam as futilidades e baixarias; o que se sabe é que numa filtragem mais rigorosa sobra pouco, muito pouco mesmo de proveito, quando o assunto é ofertas e contribuição da internet e redes sociais para a formação da cultura, da cidadania e caráter do cidadão.
Todos nós deparamos, em todos os espaços públicos ou privados, sejam em festas, nas ruas, em aeroportos e áreas de lazer, com multidões, cordões de pessoas. Todos assistimos a fileiras e legiões de pessoas encurvadas e atentas nas telinhas de seus celulares e tablets. Ninguém olha ou fala com as outras pessoas. Todos no mesmo vazio em nada acrescentar de proveito e útil em suas vidas! Que triste!  “ Viver se tornou a coisa mais rara. A maioria das pessoas apenas existe – Oscar wilde -  Março /2019  

terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

CACHORRO TAMBÉM VOA

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JOÕES-NINGUEM

CONFORME A EDUCAÇÃO OFERECIDA AS FAMÍLIAS FARÃO DO FILHO UMA PESSOAL GENIAL OU UM JOÃO—NINGUEM
João Joaquim   

Uma das grandes mudanças que veio com os avanços científicos e tecnológicos se refere à Educação dos Filhos (com maiúsculas para sublinhar a importância). Se há uma coisa que deveria ser atemporal, imortal e inalterável é a educação infantil. Ressalvados os casos mórbidos e desviantes OU  funcionais toda criança nasce com o mesmo potencial de se tornar uma pessoa adulta boa, correta, ética, cidadã e produtiva. É nesses termos que discorro o presente artigo. Para contextualizar eu busco uma ajuda de alguns grandes pensadores que muito falaram de ética, cidadania, educação e conhecimento. Diretrizes esses, repito, consideradas atemporais.
Aristóteles deu tanto relevo à educação e ética que escreveu um livro dedicado ao seu filho: Ética à Nicômaco. Para ele todo conhecimento advém da assimilação sensorial. Só se aprende através de ensinamentos recebidos e pela experiência (empirismo). Sua teoria contrariou as teses de Plantão que considerava o ser humano já dotado de conhecimentos potenciais inatos (teoria do inatismo).
Um outro grande pensador que muito dissertou sobre os mecanismos da aprendizagem e aquisição de conhecimento foi o inglês John Locke, autor das teorias do Empirismo. Segundo  suas ideias, uníssonas com o pensamento de Aristóteles, toda criança nasce completamente virgem (analfabeta) de conhecimentos. Através dos sentidos, da experiência sensorial é que se vai gravando as informações, os conhecimentos. É de Locke a teoria da tábula rasa (lousa em branco).
Ao nascer toda criança tem o sistema sensorial, o cérebro comparado a uma lousa ou disco rígido (HD) em branco. Aos poucos, através dos olhos, audição e outros sentidos esse cérebro vai registrando todas as informações que o mundo, a natureza, o meio social; a família em primeiro plano, vai lhe ensinando. Ou seja, a aquisição de toda informação, de todo conhecimento, normas sociais de convivência, a ética são aprendidos com uma educação correta, com experiência e treinamento.
Um outro cientista, não pedagogo, que fala muito sobre o desenvolvimento da criança foi o psicólogo suíço Jean Piaget, autor do construtivismo; nada mais é do que a educação com menos formalismo e mais prática e experiência em se tocar nas coisas e nos objetos do aprendizado. É o que muito fazia e defendia o brasileiro e educador Paulo Freire.
Ao se trazer as teses e diretrizes desses grandes pensadores e cientistas sociais para as novas gerações surgem-nos muitas indagações e incertezas. Muito se tem debatido por exemplo sobre o futuro cultural, ético e moral de nossas crianças e jovens, notadamente  para a geração dos millenials ou geração Y e geração Z  da internet.
O que se tem de concreto é que a internet, os recursos digitais e as redes sociais permitiram o nascimento de uma nova cultura, uma nova linguagem, uma forma simbólica de comunicação. Os filhos da geração dos novos pais ( pais na faixa 25-35 anos) já constituem a chamada geração Z (novos millenials). São crianças e adolescentes nascidos e educados completamente imersos nas mídias sociais.
Os jovens dessas novas gerações (Y  ,Z) não nos parecem menos ou mais inteligentes do que os das  gerações baby boomer e X de  antes da internet. Nós já dispomos de indícios e convicção dos atributos de nossos jovens, educados totalmente imersos no mundo tecnológico da Informática e Internet. O uso excessivo, desmedido, viciante e dependente da Internet, tem se mostrado nocivo, danoso à cognição e aprendizado das crianças.
O que nos soa de certo e constatável é que os novos pais das gerações Y e Z, também criados (eles pais) quase o tempo todo conectados na internet e dispositivos móveis têm sido muito  permissivos na educação dos filhos quanto ao uso dos recursos digitais. Mais  seletivamente no uso dos smartphones, tablets e redes sociais.
Quando falamos e tentamos dialogar com os adolescentes e jovens de hoje percebemos a enorme dificuldade que eles têm em elaborar frases no Português padrão, em formular um pensamento mais longo e elaborado, ou escrever um simples e resumido bilhete ou solicitação formal de qualquer coisa. Pelo visto, o bom Português falado e escrito está em risco de extinção em favor de fotos, imagens, vídeos, carinhas e emojis, os códigos das novas gerações . Fevereiro/2019. 

PODE PIORAR

O QUE ESTÁ RUIM  PODE PIORAR


 João Joaquim

 Quando a gente assiste aos fatos e façanhas políticas, sociais e policiais nestes tempos, temos uma comichão e ânsia de perguntar: será que tem chance de piorar? O desalentador e melancólico  é que pode. É a conhecida lei de Murphy. Se  uma coisa ou realidade tem chance de dar errado ou piorar, cuidado! Porque ela pode dar errado da pior forma possível. Basta lembrar da unha encravada ou calo no dedão. Entre tantos pés alguém sempre pisa no seu.
E por falar em unha encravada quantos encravamentos e travamentos temos hoje pelo Brasil a fora . Eu    não sou de muito pessimismo, mas, do jeito que andam os acontecimentos de norte a sul e leste a oeste não dá para não se vexar, temer e ficar de pelos eriçados pelo futuro de nosso país, tamanhos têm sido os descalabros, ingerências administrativas, ausência de vergonha, roubalheiras e tantos outros malfeitos em todos os segmentos da governança e do parlamento do Brasil.
Uma esperança geral é o novo governo, esperança renovada, Mas, a cada investida da Polícia Federal, Operação Lava—Jato, a cada enxadada, enfim, se acham ninhos e ninhos de minhoca, quer dizer, dinheirama de corrupção. Na última investida, Corrupção no DERSA SP, acharam—se 100 milhões de reais, o dinheiro estava até embolorado.

Para se ter uma ideia do pandemônio e balbúrdia que tomaram conta da nação vamos nos retroceder em nossa história recente e fazer alguns paralelos com fatos de outros momentos tormentosos e que motivaram um golpe de Estado.

 Eu era criança, lembro vagamente;  mas, sempre me interessei e gosto de História do Brasil. Estávamos na década de 1960, mais precisamente foi em  1963, início de 1964. Era presidente João Goulart (Jango). É sabido que ele e seu antecessor, Jânio Quadros ,tinham simpatia pelos regimes socialistas e comunistas. Mais seletivamente admiradores de Mao Tsé Tung (China), Fidel Castro e Ché Guevara.
Jânio Quadros chegou a condecorar Guevara como personalidade do ano. Seria como hoje se o presidente Bolsonaro concedesse alguma honraria a Kim Jong Un da Coréia do Norte( samba do crioulo doido, um de direita com simpatia por algum de esquerda).

Havia na época de Jango uma ameaça ostensiva de se implantar uma ditadura proletária ou comunista à La Cuba de Fidel Castro. Havia uma sublevação  generalizada de parte de operários e comunistas. O presidente João Goulart, à época, de espírito pusilânime começou a se irmanar com alguns movimentos sindicais, inclusive com militares de menor expressão. Diante de tanta anarquia e incerteza do governo, não podia esperar alternativa salvadora que não  a intervenção militar. Foi estabelecida então a ditadura civil-militar que vigorou entre 1964-1985.
A meu ver não havia outra opção para salvar o que seria a cubanização do Brasil. A diferença seria só o tamanho, mas o risco seria o mesmo. Já imaginou se tivéssemos entrado nessa roubada e ter um Leonel Brizola, um José Genoíno e José Dirceu se alternando como ditadores! Os militares, gostem ou não os petistas, nos salvaram desse humilhante destino.
Retomo então ao “status quo” de hoje. Será que a baderna de hoje é menor do que nos idos pré-revolução de 64? A mim me parece que não (aliás coitada da Maria Baderna, por que o nome dela metida em todo tipo  confusão?
 Vamos aqui analisar os descaminhos a que tomaram vários setores essenciais de nosso país. A saúde pública continua de mal a pior , olha os postulados da lei de Muphy de plantão aí .E as escolas e educação brasileira? Vão muito mal e lamento. Basta ler os nossos índices Ideb, prova Brasil, Enem, Pisa e IDH. E a legião de analfabetos, desempregados e miseráveis? Continua estável. Basta consultar os boletins de ocorrências( índices e noticiários)  .  
E nosso PIB de homicídios e crimes de trânsito? De estável para pior. Não computando os feridos, sequelados e inválidos permanentes.
E a segurança pública, nos quesitos do direito do cidadão de ir e vir? Continua insegura e ameaçadora para todos os cidadãos honestos que, aliás,  não podem portar armas de fogo. Os bandidos podem, e   melhores do que as da polícia.  
 E nossa economia? Parou no tempo e no espaço igualzinha ao PAC;  empacou igual jegue teimoso. Nem volta, nem vai pra frente.

O que está também trazendo algum alento é a Reforma da Previdência Social. Terá que passar pelo  crivo do Congresso Nacional. Vamos torcer

Sociedade Drogadita

A FISSURA E NEUROSE PELO USO DE DROGAS DE TODA ORDEM      TEM DEVASTADO A HUMANIDADE E CRIADO UMA LEGIÃO DE ZUMBIS

João Joaquim  

Um hábito que vem devastando a humanidade chama-se o consumo de drogas nocivas e tóxicas à saúde. E dentre essas estão o álcool, a nicotina (tabagismo) e as consideradas lícitas prescritas pelos médicos. Tanto as drogas ilícitas (entorpecentes) como as classificadas como lícitas merecem um enfoque particular e específico pela relevância que a matéria encerra.
No tocante à questão da liberação e legalização das drogas ilícitas, em especial a maconha, grande tem sido o lobby para tal fim. São grupos de pessoas favoráveis ao livre uso e comercialização da droga.
O que se tem de concreto é que, mesmo considerada mais leve, o uso da maconha traz sérios e graves danos à saúde de seu usuário. Todos os estudos científicos, e são vários nesse sentido, confirmam categoricamente os graves prejuízos que os derivados da maconha causam na saúde global do indivíduo. Poucas são as substâncias extraídas da planta de uso terapêutico como o exemplo do canabidiol, de emprego muito restrito em algumas formas de epilepsia e doenças neurológicas raras.
Duas são as considerações a se fazer sobre as substâncias que agem no sistema nervoso central. Tomemos o emprego das chamadas drogas lícitas; aquelas de uso médico, de nome popularmente conhecido, os psicotrópicos. Constituem um vasto grupo de medicamentos que englobam por exemplo os hipnóticos, os sedativos, os neurolépticos, os antiepilépticos, os ansiolíticos, os antidepressivos, os antipsicóticos, etc.
Todas essas drogas, que fiquem bem consignado, foram sintetizadas para fins específicos de tratar alguma doença orgânica ou psíquica. Elas atuam no sistema nervoso central, no psiquismo do paciente, no sentido de correção de algum distúrbio neurológico ou psiquiátrico.
Muitos desses fármacos são de uso temporário, enquanto persiste aquele distúrbio, aquela disfunção sensorial, psíquica ou neurológica. Um dos grandes dramas desses princípios ativos é a dependência. Efeito colateral de difícil solução e que ocorre pela não correta adesão do paciente às orientações do médico assistente. Outro fator responsável pela dependência química é a automedicação.
São milhões de pessoas que se tornam usuárias de psicotrópicos, pela facilidade de aquisição de tais produtos, seja com a complacência de algum médico amigo ou mesmo compra no mercado pirata. Ao se tornar uma eterna consumidora de tais substâncias, sejam os hipnóticos, os sedativos, os ansiolíticos, as pessoas se comportam como adictos. A exemplo de um dependente de maconha ou cocaína.
O mecanismo é o mesmo. Todo o processo de dependência química se faz no âmbito cerebral, através da combinação droga (chave) e receptor (fechadura). Há um princípio científico universal de que uma vez consumidor de alguma droga, seja lícita ou ilícita, o cérebro nunca esquece aquela substância. O usuário abstêmio pode exercer um processo de vigilância, mas há sempre o risco de recaída.
A segunda e última grande consideração a se fazer sobre o consumo de drogas ilícitas se refere à finalidade, do por que do uso de uma substância sem uma finalidade plausível como referido sobre o uso de psicotrópicos, o seu emprego pelos médicos está sustentado no reparo de algum sintoma, distúrbio funcional, doença psiquiátrico ou neurológica. Ou seja, aqui no trato das drogas lícitas, de uso médico, existe um amparo ético, biológico e legal. Mas , sob critérios e estrita indicação médica especializada.
Tal consideração e critério não têm nenhum amparo no tocante ao consumo dos entorpecentes, das drogas ilícitas como a maconha, o crack e cocaína. Ora, basta considerar, se o indivíduo é saudável, hígido, inteligente e normal do ponto de vista psíquico e neurológico por que usar droga ilícita ?  Será que para ele funcionar, para se relacionar, para exercer sua inteligência e razão ele vai precisar de algum alucinógeno, de maconha e cocaína?
Parece um gesto de imbecilidade , mas é uma crua e rígida verdade. Fica a impressão de ser uma pessoa incapaz, inapta de ser o que ela tem de melhor, o seu potencial de inteligência e de ralações humanas e sociais.

ANGú-STIA

A ANGÚSTIA E A DEPRESSÃO SÃO MALES QUE MUITO  ADOECEM AS PESSOAS NOS TEMPOS DIGITAIS
João Joaquim  

Quando debruçamos e pensamos na condição humana, fica-nos a impressão que menos a compreendemos. Da condição racional e metafísica e da condição mística. Do homem na sua constituição binária de corpo e alma (espírito). Tal condição de preocupação vem de antigos tempos. Um grande pensador que já tinha a natureza humana em suas reflexões foi Platão (429 a.C — 327 a.C). Ele  foi um filósofo muito dedicado a constituição da pessoa humana, como o significado da ética, do bem e da virtude. Sua tese era de que nós humanos temos uma parte sensível, constituída pelos sentidos, pelos instintos e experiências e outra superior.
Acima dessa dimensão instintiva  temos uma constituição denominada de inteligível (quase equivalente a inteligência). Essa esfera suprassensível seria equivalente a nossa alma. É aqui que reside a essência e verdadeira  formação do homem como animal racional que somos. Essa estrutura inteligível é também conhecida por teoria das ideias.
Para simplificar tudo que existe corporificado no mundo há  como  um arquétipo, ou modelo original uma forma perfeita, harmônica e esteticamente no campo das ideias. Basta imaginar uma caneta com que escrevo neste momento, tenho esse hábito de tudo primeiro escrever no papel . Sua forma e modelo perfeita veio da concepção das ideias, uma forma ideal. E assim, se dá com tudo o mais no mundo, com todas as criações feitas pelo homem.
Extrapolando um pouco as teorias platônicas da constituição do homem e da tese das ideias imaginemos agora a relação do homem com a natureza e o cosmos. Quantas não são as obras do homem como imitação ou cópias imperfeitas da constituição dos seres vivos e inanimados do planeta e do cosmos? Bastam as muitas obras de arte, pinturas, arquiteturas numa cópia ou mimetização do que nos mostra a terra. Quanta beleza, estética e harmonia que se tem no universo, de estrelas, de astros ? Belezas estas  que o engenho humano tenta fazer parecido?
Fazendo um paralelo com o mundo das ideias, todos os seres da natureza e do cosmo seriam a realidade, as formas perfeitas, o mais é tudo imitação e cópias imperfeitas. Nessa perspectiva introdutória eu adentro uma temática semelhante, com muito nexo com a constituição humana. É a condição existencial e essencial do homem frente à sociedade, isto é ,  frente aos outros humanos, a todas as formas de vida do planeta e frente a Deus. Temos que imaginar Deus como uma realidade que sobrepaira e sobreleva a todas as outras realidades sensíveis do universo.
Nessa condição existencial é bom que façamos um recuo na história para um confronto de duas épocas. Ou até três períodos para melhor compreensão. Tomando as concepções humanas, do que é o homem na idade média, num período pré iluminismo. Dois pensadores dessa época tiveram um grande significado, na compreensão do conhecimento racional e nas crença em Deus. Foram Pascal  e René  Descartes (1596-1650). Blaise Pascal (1632-1662) foi um metafísico e racionalista. Suas teorias tiveram muita identificação com as concepções e pensamentos cartesianos.
Nas entrelinhas e defesas do racionalismo não divergiam da existência de Deus. Dando um salto para fins do século XVIII e início do XIX, mais  precisamente, era das luzes ou da ilustração (iluminismo) de Voltaire, Montesquieu e Rousseau. Revolução Francesa, era napoleônica. Ficam aqui uma interpelação e grande questão: todos os pensadores iluministas defenderam o rompimento com o empirismo, com o poder e imperativo da fé e dos dogmas, com o apogeu e normas impostas pela igreja.
Em que ajudaram e contribuíram os princípios racionalistas e científicos dos filósofos iluministas? As críticas decorrem por exemplo aos sistemas de governo. A maioria, as monarquias absolutistas, os sistemas totalitários, impérios; governos escravocratas, na exploração do trabalho da classe operária, nos regimes de exceção?
Quais luzes, que racionalidade houve  nas conquistas sociais, no gozo das liberdades, nos direitos do homem, nas liberdades individuais/ se bem que conforme assentado por Étienne de La Boitie, em seu o discurso da servidão voluntária, grande parte dos oprimidos e explorados  são assim por uma questão de gosto em até participar das tiranias.
Imagine se registrar tal comportamento em pleno século digital, era da comunicação e audiência instantâneas. Macacos nos mordam! Mas, há pessoas que são cúmplices na perda de sua liberdade e tornam escravas e servis de forma voluntária. O século XX pode ser considerado o período onde o homem político, isto é, aquele em posição de comando, de poder, de administrador público comete as piores atrocidades. Bastam as grandes guerras como exemplos. O homem de Estado se torna de fato o lobo do próprio homem, conforme teoria de Thomas Hobbes, em sua magnífica obra O Leviatã.
Thomas Hobbes (1558-1679/91 anos), foi um filosofo político que defendia um estado forte, no sentido de por ordem aos conflitos naturais entre as pessoas. Não imaginava  esse grande pensador que muitos governantes iriam levar ao extrema as suas teses e se tornar tiranos e dominadores sanguinários. Como o temos em todas as eras.
Por fim e já em conclusão retomo o sentido principal desta crônica. A condição e existência humana. Existência que conforme Sartre precede a essência. Primeiro o homem é, existe para depois ele almejar tudo o que for possível, em cultura ,significado, relações sociais e ambientais.
O que se tem de certo e de concreto é que vieram a metafísica, o racionalismo; mais que isto, todos os avanços científicos, o incremento das tecnologias, e continuam as irrespondíveis questões. Se o homem existe qual a sua finalidade? O  que somos, Por que somos? Para aonde vamos?
Frente a tantas dúvidas um fato inegável se faz presente, a  angústia em que vive mergulhada a pessoa humana. Todas a descobertas a partir do racionalismo, todas as invenções advindas com a evolução científica, a melhora nas relações sociais e na qualidade de vida; literalmente todas não foram o bastante para minimizar as angústias e neuroses que acometem tantas pessoas.
Frente a angustia existencial duas têm sido as buscas incessantes das pessoas: o reencontro com Deus, com o sagrado através das religiões e o socorro das terapias alternativas , bem assim com  uso e abuso dos psicotrópicos. Nunca se usou tanto psicotrópico como nos dias de hoje. E os psicofármacos têm sido uma ilusória e anestesiante solução para o eterno-retorno. Como extinguir a dor existencial?  Fevereiro – 2019

CRÃO-ELDADE

NOSSA CRUELDADE COM OS ANIMAIS
João Joaquim  

 Nós humanos, mais humanos poderíamos nos tornar se nos relacionássemos mais humanamente com os outros animais não humanos. O mundo seria mais belo, o mundo seria mais aprazível, o mundo seria menos violento, e todos, homens e animais poderiam viver na absoluta harmonia. Ops, minhas escusas pelas anáforas.
Ao certo o que se tem é que a relação do homem com os animais vem de primitivas épocas. Tal interação de proximidade, exploração e cativeiro se inicia na narrativa bíblia da construção de tamanha nau com  o emprego da força animal.  Em feito tão árduo e dispendioso necessário se fez o uso de ajuda de tração de elefantes. Portanto, o seu recolhimento à arca não se deu de forma graciosa. E mesmo quando da soltura da pomba para que ela retornasse com algum vegetal em sinal de terra à vista. Era o recuo das águas do dilúvio.
Fora da concepção e tradição bíblica o trato do homem para com os animais foi sempre de mais exploração, violência e maus tratos, do que de amparo, de  proteção e cuidado. E tal relação de desrespeito e ofensas não se atenuaram após a era industrial e têm-se as explicações. Antes da invenção do motor, do automóvel.
Muito da atividade motriz se fazia às custas de animais. Peguem-se os exemplos dos equídeos. Quantos cavalos e muares não foram empregados em operações de guerra até fins do século XIX e início do 20. Mesmo nos tempos digitais, com a evolução do automóvel, e até das naves espaciais. Muitas nações, em muitas plagas desse planeta, ainda se emprega  muito a força animal. Em muitas regiões  inóspitas da terra cavalos e burros (asnos) são os principais meios de transporte humano e de cargas.
A predação de animais é outro triste capítulo que envolve os humanos. Se somos racionais deveríamos usar desse atributo superior para proteger nossos irmãos não  racionais. Sejam eles bípedes, quadrúpedes ou mesmo ápodes por um design de criação. É o caso por exemplo dos anelídeos, dos hirudíneos, dos peixes e ofídios. E mesmo grandes mamíferos. Vejam bem o que andam fazendo com as baleias e outros cetáceos.
Basta rever a biografia dos elefantes, dos rinocerontes e muitos irmãos primatas. Muitos já foram extintos e outros em vias de sê-lo. Para ser bem realista, até nossa mãe Luzia, de que tinha apenas um esqueleto fóssil no museu nacional do Rio de Janeiro. A Luzia que viveu em Lagoa Santa MG tinha quase 12mil anos de idade. No incêndio do museu se transformou em pó, ou melhor em cinzas. Não é que ela estava destinada a tornar-se ao pó. Mas, pelo descaso de autoridades brasileiras, virou cinzas.
O abate de animais como fonte de proteína na alimentação das pessoas revela-se em outro condenável cenário adotado pela sociedade humana. Não que o consumo de carne vermelha mereça repúdio. O que se crítica é a forma de criação, de transporte e abate dos bichos. Tudo se inicia pela forma, e pelas condições onde se dão o crescimento e engorda desses animais. Muitas das espécies para tais fins são confinadas em curtos espaços, em condições degradantes, com extremos desconfortos e indução de ganho de peso com substâncias anabolizantes. O uso desses hormônios se traduz em um dano aos animais e as pessoas que vão se alimentar desses produtos frigoríficos contaminados.
Os maus tratos e condições degradantes na criação de animais para abate têm outros requintes de crueldade. A exótica carne de vitela é obtida com a criação de bezerros em diminutos confinamentos. São tratados com dieta para que a carne fique branca ou rosada e abatidos com 3 a 4 meses. O animal não tem nenhuma mobilidade e não tem direito sequer a tomar sol. Esta e outras formas de violência são  práticas comuns com outros animais como porcos e aves para produção de carnes especiais.
Na produção do “foie gras” (fígado gorduroso ou esteatótico) os patos ou gansos são tratados com uma sonda passada pelo esôfago da ave. O animal fica em uma gaiola e recebe uma dieta líquida contínua num sistema chamado gavage. Desta forma a engorda do animal e o fígado gorduroso se dão em poucos dias. A esteatose provocada no animal é a mesma que acomete os fígados dos humanos.
As técnicas de abate dos animais são outra demonstração da banalização da violência e tortura por que passam os animais.
Muitos dos maus tratos, violência e crimes contra os animais se fazem sob a displicência, sob a tolerância, quando não com a chancela e omissão de governos e autoridades sanitárias e do meio ambiente. Um exemplo para além do absurdo se deu com um navio de carga viva em outubro 2015, em Barcarena PA, no Rio Pará.
Como apurado, a embarcação em precárias condições transportaria 5000 bois para a Ásia. O navio naufragou antes da partida. As carcaças dos 5000 animais continuam no fundo do Rio Pará. Nesse episódio  nada mais se falou, os responsáveis pela tragédia continuam impunes. Trata-se da mais robusta e morta prova do quanto tem sido a indignidade, vilania, desprezo e negligência dos mercadores e autoridades nas relações com os animais.  Fevereiro /2019

João Joaquim - médico - articulist

Assassínios (as) de Reputações

Quando se fala em assassinato, tem-se logo o conceito desse delituoso feito. Ato de matar, de eliminar o outro, também chamado de crime cont...