sexta-feira, 31 de julho de 2020

Leso-povo

FALTA DE EMPATIA E CRIME DE LESA-HUMANIDADE

Joao Joaquim

Uma das sentenças hipocráticas, prescreve ser obrigação do médico tratar quando possível e cuidar sempre. No estágio terminal da doença, a relação médico/paciente ganha importância maior para a bioética, uma vez que nessa fase a relação se abala diante de questões que levam o médico a concluir que sua atuação em relação ao paciente já não é mais necessária. Se tudo já foi feito, então, o que fazer? O que deve ser mudado? Baseando-se nos princípios da bioética (autonomia, beneficência e justiça), os direitos do paciente e seus familiares diretos de saber a verdade, de dialogar, de decidir e de não sofrer inutilmente devem ser respeitados, principalmente na fase terminal, e ao médico cabe o cuidado desse paciente, uma vez que já não é possível tratá-lo.
A visão do paciente como pessoa é a base ética da relação médico-paciente. Uma situação grave, irreversível, intratável, evidencia a essência ética dessa relação, ou seja, os fundamentos éticos dessa relação evitam que o objetivismo clínico se transforme em desafio terapêutico. A visão realista da doença e uma clara consciência do valor e da dignidade da vida resultam em apreciação justa de todos os componentes da situação terminal e reforçam que, quando o tratamento clínico atingiu o limite da possibilidade, o sentido ético da relação médico/paciente deve prevalecer.
A generosidade, o humanismo, a solidariedade; mais do que estes sentimentos, o sentimento chamado empatia, sentido e externado por médicos e paramédicos, nunca esteve tão presente, nesses tempo da pandemia da covid 19. Doença altamente contagiosa, sem tratamento etiológico, sem soros e vacinas, sem nenhum medicamento provado cientificamente, não  viricida(antibiótico antiviral). Os boletins diários mostram o quão grave e sofrível tem sido a infecção para as vítimas e familiares e para os profissionais da saúde, os médicos e enfermeiros, em especial.
As cenas nos hospitais, nas UPAS, nos prontos-socorros, nas UTIs são de tocar os corações das pessoas que estão de fora desses cenários. Agora imagine os que estão prestando essa assistência direta, esses chamados suportes de vida, considerando então o mais gravoso, plangente e contristador, dos casos que evoluem para óbito. São circunstâncias de tocar os nossos corações. E nesse sentido é  que o tema merece essa particular reflexão, como se segue.
Diante de uma realidade tão grave como essa pandemia, imagino que todos, qualquer  pessoa, indistintamente, deveria nessa hora se contagiar não do vírus, mas dos sentimentos acima expressos: generosidade e solidariedade, mas acima de tudo de EMPATIA pelo outro, de preferência, pelo outro doente ou  ainda não atingido  pela doença, vulnerável, como eu , como você, como qualquer  um.
Para entendermos melhor o que seja empatia, vamos buscar a origem e significado do termo. Advêm do grego:  em + pathos, que numa tradução prática seria = entrar(em) no sentimento(pathos) do outro. Seria equivalente a me identificar com as emoções, os sentimentos de outra pessoa. No caso de uma doença, seria eu me supor no lugar do paciente, do tipo e “se fosse comigo”? A partir dessas conexões cognitivas e psíquicas interpessoais eu passaria a adotar atitudes, expressões, ações, iniciativas para amparar, mitigar, ou curar essa pessoa doente, sofredora, com privações, dessa causa de todos os seus sofrimentos e ameaças à sua integridade emocional e física.
Estamos aqui então a refletir sobre essa devastadora, terrível e contagiosa doença chamada covid 19. Ainda sem tratamento vacinal ou curativo. Já se sabe que os graus de acometimento das pessoas são variados, podendo ir desde o indivíduo  assintomático , apenas portador do vírus( como um vírus de hepatites, hiv), passando por casos leves, moderados e gravíssimos, com sequelas, debilitação extrema , com cerca de 5% de mortalidade em que pese adoção de todas as medidas de oxigenioterapia, ventilação mecânica e suporte cardiocirculatório. Por ora, todos devem não esperar milagres de hidroxicloroquina, azitromicina, ivermectina, dexametasona, vitaminas, vitamina D, e outras panaceias, sem nenhum fundamento médico e cientifico.
Em se falando de Brasil , vimos assistindo aos maiores disparates, aos absolutos desleixos, esculachos e irresponsabilidade de grandes levas de pessoas que saem pelas ruas, sem máscaras, outras que as usam de forma ineficaz, pessoas que não adotam as medidas higiênicas corretas, gente que se aglomeram sem proteção, gente que saem às ruas e voltam como se nada estive ocorrendo de doença ao seu redor, colocando em risco de doença e morte os seus familiares e outras pessoas dos contatos sociais. Essas pessoas são, no mínimo, desalmadas, desrespeitosas com os outros, desumanas consigo mesmas e o pior:  com o seu próximo, com os seus entes queridos, filhos, esposas, pais, avós.
E aqui não estamos a falar apenas de gente comum, de cidadãos populares, de gente humilde e trabalhadora. Estamos assistindo a cenas de gente doutora, de pessoas graúdas, intituladas de formação superior, de gente esclarecida e muito antenada com todas as mídias, todos os noticiários jornalísticos, de saúde e científicos. Não ficam apenas nesses grupos aqui nomeados, nossa estranheza e perplexidade, porque além do grande rebanho de brasileiros acima apontando , vimos desde o inicio da pandemia, assistindo autoridades palacianas, ministros, governadores e para nosso desencanto e tristeza, o próprio presidente Jair Bolsonaro, negando a gravidade da doença, desdenhado dos crescentes casos de mortos, conforme boletim diário de Ministério da Saúde. 
Para resumo de nosso pasmo e protestos , todas essas pessoas, estão cometendo um crime, o crime de lesa-humanidade. Pelo absoluto desprezo pela saúde, pela vida , pela  dignidade e amor ao próximo. Só isso. E por falar nisso, até o próprio presidente foi acometido pela covid 19. Desejamos a ele pronta e plena recuperação. Talvez agora se sensibilize de vez com o que vivem as milhares de famílias dos doentes e mortos por essa inaudita e repulsiva peste ou praga, de nome sem vida, sem medo, sem coração, a tal da  covid 19.  Julho/2020

Vagas e nauseas...

DOS VAGABUNDOS E NAUSEABUNDOS 

Joao Joaquim

A política também é cultura. Um bom exemplo tem sido até a criação ou ressuscitação de muitos vocábulos, antes desconhecido. Vejam como exemplos as palavras fake News( anglicanismo) e pós verdade(factoides, verdades distorcidas, exageradas). Pode também trazer à baila termos, verbetes muito empregados pela plebe, pelo vulgo.
Foi o que vastamente noticiou a imprensa doméstica e estrangeira sobre um auxiliar do governo em ter se referido aos ministros do Supremo Tribunal Federal(STF) como vagabundos e como tais que eles deveriam ser presos, como outros vagabundos.
Portanto , eis aqui a palavra, vagabundo. Ela pode ser empregada como adjetivo ou substantivo, com o significado de andarilho, errante, ocioso, desocupado, indivíduo  reles, sem-valor.
Da origem do termo . Ela vem do Latim VAGABUNDUS, “pessoa que anda sem destino”, de VAGARE, “errar, andar ao léu”, mais o sufixo -BUNDUS, “propenso a, cheio de”.
Prestemos atenção a esta outra palavra, abundância . Abundância vem do Latim abundare, “recobrir, tapar, inundar”, de ab-“para fora”, mais undare, “erguer-se como uma onda”, de unda, “onda”. Abundar, então seria exagerar, sobejar, transbordar, sair do normal. Origens distintas ,portanto.
Muitas são as palavras, que tiveram origem em línguas ou dialetos africanos. É o caso do Idioma Quimbundo, por exemplo, de onde vem bunda, mbunda , bunda, nádegas, glúteos.
 Quando se ouve e expressa a palavra vagabundo, fica a impressão de ser ou tratar-se de um sujeito ( homem ou mulher) de vida vazia, nada produtivo, ocioso, desocupado, a vagar pela vida sem um objetivo, sem o que fazer. Mas, nem sempre o termo é usado, estritamente neste sentido, vejamos o que diz essa música, letra.
"MEU CORAÇÃO não se cansa / De ter esperança / De um dia ser tudo o que quer / Meu coração de criança / Não é só a lembrança / De um vulto feliz de mulher / Que passou por meu sonho sem dizer adeus / E fez dos olhos meus um chorar mais sem fim / Meu coração vagabundo / Quer guardar o mundo em mim."
Essa primorosa letra é da canção "Coração Vagabundo", que está no primeiro LP de Caetano Veloso.
Portanto, é bom que fiquemos bem atentos ao intento de quem chama o outro de vagabundo, porque nem sempre é o que parece a palavra. Muitas vezes, o interlocutor, quer imprimir ao termo um sentido bem diverso daquele que está expresso nos dicionários, como o revela esta linda letra e canção de nosso poeta e cantor Caetano Veloso.
E olha o que disse em um certo artigo o professor Pasquale Cipro Neto, na Folha São Paulo – sobre o sentido de vagabundo – “ Mas o vocábulo que melhor define a condição do brasileiro médio talvez seja "sitibundo", palavra de origem latina, que significa "cheio de sede", "sequioso", "sedento". O brasileiro médio é um sitibundo, não propriamente de água (embora a realidade de alguns seja exatamente essa), mas de algumas coisas que ainda lhe são inacessíveis.
Sitibundo de outra realidade, lá vou eu, furibundo com o nauseabundo e moribundo cotidiano desta triste e pobre nação. É isso”.
O certo e verídico é que nosso querido país se estava adormecido, tem sido acordado com tantas esquisitices, na Política, na Cultura, na Educação, nas relações dos poderes, no combate a epidemias, endemias, pandemias, que ao cabo e ao termo dos dias, está ficando é furibundo, atarantado e nos deixando a todos meditabundo e nauseabundo, de tantas maluquices, causadas pelos homens públicos. Homens que nem sempre trazem a exata noção da Coisa Pública( res publica), daí República.

(Des)governos

INGERÊNCIA E MANDONISMO DE GOVERNANTES
João Joaquim

“Me engana que eu gosto”. Trata-se de uma sarcástica e fina ironia. Porque ninguém em sã consciência gosta de ser enganado. Em nenhum cenário ou atividade de relações humanas gostamos de perfídia ou falsidade. Todavia, este adágio popular se aplica a e se encaixa ou ocorre perfeitamente à Política Brasileira. Neste sentido eu faço uma provocação a cada leitor e eleitor com mais lucidez, aqueles que acompanham o que os eleitos fazem, quando se compara com seus projetos, promessas, plataformas de trabalho, de governo, quando o candidato for eleito, se eleito. Não importa se presidente da República, governador de Estado e outros cargos políticos. 
Vamos aqui a um esboço da realidade brasileira. O bom e útil em qualquer questão tratada é quando se pode mostrar exemplos das cenas propostas, das questões aqui levantadas. E nesse sentido a seara ou plantio nacional está repleto de exemplos bem concretos. Daqueles homens públicos  e mulheres públicas (no sentido político e não impudico). Muitas são as pessoas que candidatam a cargos na administração de governos, prometem atuações que beiram a feitos heroicos. Uma vez eleitos, fazem exatamente o contrário. Ou seja, se enquadrando no adágio popular, do me engana que eu gosto.
Imaginemos aqui um candidato, em geral do sexo masculino. Trata-se de outra particularidade bem brasileira. Discriminação contra as mulheres? Talvez não! Uma mera preponderância do sujeito alfa, ao membro dominante em qualquer  grupo ou horda de  bichos, humanos ou animais.
E aqui abre-se até um colchete, tendo-se em conta o Instituto dos Direitos Humanos. Apregoa-se muito sobre a isonomia de gêneros. É permitir que a mulher exerça as mesmas funções do homem. E como tal tenha a mesma percepção salarial, de emolumentos e gratificações.
Todavia, pensemos, reflitamos de forma neutra, com absoluta isenção no que diz respeito ao reconhecimento de isonomia de cargos, funções e desempenho da mulher, comparada ao homem. Não que Ela tenha cognição, aptidão  e inteligência diferente ou inferior ao homem. Não se trata disso. O que fica patente e temente é imaginar uma mulher general, almirante, marechal no comando e na frente de uma guerra.
E assim, em outras funções menos relevantes e não menos importantes. Exemplos: mulher pedreira, torneira mecânica, mecânica de grandes máquinas, estivadora, etc. Soa meio incongruente, não estético, não tem o mesmo ornamento, não decora, não orna bem. A própria natureza faz essa distinção, através da anatomia, da fisiologia geral, do tamanho dos órgãos quando comparada ao sexo masculino.
Retomo então a questão fundamental. Temos então no período das chamadas prévias eleitorais, escolhido o candidato ao cargo eletivo. Vêm as propagandas eleitorais e eleitoreiras. Referido sujeito pode já ser um expert em atividade da vida pública ou um novato, um outsider na política.
Eis que então ele se acerca de uma récua de assessores, apoiadores e seguidores . E esse termo se aplica  em função da Internet e Redes Sociais. Com isso o cardápio   ou plataforma do candidato será turbinada.
É sabido  que as redes sociais têm milhões de visualizações e usuários. Pronto ! o sucesso da eleição desse sujeito está garantido. Principalmente se esse participante é um cara que contrarie os feitos e fatos dos governantes passados e aposentados na Política. É mais triunfante ainda se for um candidato radical, com expressões épicas, heroicas, comuns de outsider ao cargo pretendido, porque ele representa o novo, a solução final, a realização que os outros não foram.
Em sinopse: Esse pseudo-salvador da situação se elege ,é diplomado pelo Tribunal Superior Eleitoral, recebe um atributo que o diferencia de todos os outros brasileiros, a imunidade política. Ele pode quase tudo, e se bem combinado com chefes de outros poderes pode tudo e reforça seu escudo político.
Empossado no cargo, na cadeira de mandatário, então vai seguir os instintos felinos, mostrar as suas garras, a sua natureza, o seu caráter. Além da absoluta inépcia e inaptidão para o tão nobre cargo, esse graduado servidor público, legitimamente eleito pelo povo, tem outras dívidas a cumprir, feitas de quando era candidato. Basta lembrar das campanhas eleitorais, das promessas mirabolantes à la Odorico Paraguaçu , prefeito de Sucupira.
Lembremos todos que houve campanhas, propaganda política;  e esse candidato , agora eleito, prometeu mundos e fundos a josés , joões e raimundos. Ele foi apoiado pelos seus seguidores, companheiros e apoiadores. Muitos desses nada probos, nada honestos e corretos na vida privada , que agora quer embrulhar o público com o privado.
Conclusão: ingerência na administração pública, omissão, cumplicidade e conivência com os assessores e apaniguados, antes de eleito. Entre esses asseclas e apoiadores, filhos, parentes, contra-parentes, aderentes. Resultado final: desmando, mandonismo, ingerência de toda ordem, desvio de função de gerir a coisa pública, a República. E a  plebe que elegeu esse outsider na Política, continua mais plebe do que nunca, em meio a pestes, mazelas de toda ordem e epidemias de toda natureza. Arre! Que triste!

quarta-feira, 24 de junho de 2020

Evidências

 A MEDICINA NÃO É PARA AMADORES


Joao Joaquim

Pode ser cansativo , mas volto ao ponto da covid 19. Já estou enojado de falar . Falar o que ? Que as medidas mais eficazes contra o funesto e fúnebre novo coronavírus seja água, fogo, sabão, álcool gel, hipoclorito de sódio ou água sanitária, isolamento social, máscaras no rosto, óculos quaisquer, educação  e discernimento ? Todos já sabem mas muita gente continua contaminando. Informação ?
Definitivamente está demonstrado o quanto existe de relação linear, proporcional ou direta entre escolaridade, instrução, cultura e contágio por doenças infecciosas, como é o caso dessa coroca, chamada coronavirose.
Basta tomar o caso brasileiro e ter em conta quais são os estados mais afetados até agora pela covid 19. Alguns do nordeste como Ceará e Maranhão e do norte Amazonas e Pará.
Para tanto é só fazer uma correlação com o grau de desenvolvimento desses estados. No mesmo pacote a qualidade da Educação nessas regiões, o quanto existe de saneamento básico, o número de casas com água potável e encanada, com esgoto sanitário, destino correto do lixo produzido em cada domicílio, os indicadores de saúde como mortalidade infantil, a assistência materna e às crianças, etc.
Enfrentar uma pandemia como a de agora nos revela outras características da personalidade e do comportamento humano. Tal análise é geral, mas o Brasil é um bom exemplo nessa caraterologia das pessoas( estudo do caráter ). São os chamados atributos das pessoas nas relações sociais, com a natureza e com as coisas.
Inicialmente o atributo resiliência. Por definição resiliência é aquela condição de um corpo deformado e uma vez cessada a força dessa deformação, ele voltar ao estado anterior( ou basal). Nesses termos, ela torna-se uma característica marcante dos indivíduos. No enfrentamento de uma doença contagiosa, as pessoas mostram muito a sua resiliência; e  significa o que ? Enquanto as pessoas estiverem movidas pelos apelos sociais e pelo medo elas vão adotar atitudes e práticas que deveriam ser a vida inteira. Como exemplos:  lavar as mãos com água e sabão com frequência, colocar máscaras em aglomerações e ambientes poluídos, lavar e cozinhar bem os alimentos, ter etiqueta ao usar um sanitário, ao tossir, ao espirrar, etc.
A grande maioria das pessoas, passada a crise e a pandemia volta aos hábitos antigos, esquece tudo, resiliência. O que é ?  Comparável ao elástico que esticado, uma vez  solto ele encolhe de novo.
Negacionismo é outro atributo frente a muitas doenças e as discussões que se estabelecem entre os segmentos científicos e leigos da sociedade. Tomando o exemplo das covid 19. Quantas não são as pessoas que negam e desdenham das recomendações das Ciências, das autoridades e órgãos sanitários?
Teimosia é outro comportamento muito comum nas pessoas frente aos decretos e recomendações dos governos e autoridades sanitárias. É muito semelhante à resiliência. No caso da covid 19, quantas pessoas não usam máscaras?  outras que usam incorretamente?  sabendo como deveriam usar, e tantas outras que descumprem os decretos, as leis, as portarias, no sentido de evitar a contaminação e disseminação das doenças?
Por fim, existe a chamada sugestionabilidade ou aptidão em acreditar em charlatanismo e curandeirismo.
O exemplo da cloroquina para tratar a covid 19 é um bom exemplo. E nesse atributo de crença nas coisas não há nível sociocultural ou civilizatório. Até ministros, astronautas e presidente do Brasil acreditam nesses rosários de besteiras, de abobrinhas e platitudes, ditas por quem não tem nenhuma formação médica.  Gente de todo o Brasil, pessoas menos informadas, parem de acreditar em disco voador e remédios não comprovados para coronavírus! Parem !

Ser e se Fazer

 MAIS  Jonh Locke e menos Platão

João Joaquim
Quando se estuda Filosofia OCIDENTAL – da antiga Grécia -  temos lá a teoria das ideias de Platão; ou o mundo das ideias. Segundo sua tese, tudo que existe no mundo como objetos, design, artes, etc, são cópias imperfeitas de um modelo ideal original. Vem daí a teoria do inatismo, aquilo que existe de forma inata ou nativa na memória e cérebro do indivíduo. Segundo  essa tese a pessoa quando nasce já traz intrinsecamente uma infinidade de  informações. Embora bem pensada, essa suposição não encontra paridade em outros filósofos. É o exemplo de John Locke(1632-1704) que escreveu a magnifica obra Ensaio Acerca do Entendimento Humano. Locke foi o principal representante do Empirismo. Sua tese é de que todo conhecimento humano se faz através dos sentidos. Para isso ele criou a alegoria da tábula rasa, representando nosso cérebro, mente, memória e registros. Todos nós nascemos como uma folha em branco. Aos poucos, pelas percepções sensoriais vamos tendo contato com tudo e todos à nossa volta, e as inscrições vão se fazendo em nosso cérebro, em nossa memória, a exemplo de um disco rígido(hd) de um computador. A teoria de John Locke em confronto com a de Platão é muito plausível, mais assimilável  e de fácil entendimento e convincente.
O pensamento de John Locke é muito semelhante à teoria de J.J Rousseau (1712-1178), com o título de teoria do Bom Selvagem, cujo mote ou ideia central é : todo homem nasce bom a sociedade é que o corrompe.
Ao se comparar a tese das ideias inatas propostas por Platão e as proposições do Empirismo de Locke, estas se ornam bem mais perceptíveis no cotidiano, nas vivências da sociedade, das famílias e das pessoas, como delineado a seguir:
Do Folclore temos dois provérbios como epígrafe: filho de peixe peixinho é ; ele é o pai esculpido em Carrara. O senso comum , ou em outros termos a voz do povo é a voz de Deus. Não sobra dúvida de que o empirismo popular, a observação atenta das pessoas tem tudo a ver com a parábola ou alegoria de John Locke. Muitos teóricos da Educação e Psicopedagogia são uníssonos de que a vida imita a vida, o filho imita os pais. Mas, no geral as tendências e fluxo de comportamento, as atitudes, os expedientes com que cada pessoa( criança, adolescente, jovem) toca a sua vida devem ser relativizados. O melhor é mostrar o que a sociedade e cada observador de per si registram e acompanham no seu entorno familiar e circuito social.
Tome-se o caso do provérbio  popular filho de peixe peixinho é . Esta criança, esse peixinho é um aprendiz e poderá se tornar um peixe voraz e predador se somente seguir os seus instintos como um animal feroz, rapinante e parasita de outros indivíduos. E dificilmente desse pendor se desviará porque se guiará  unicamente pelos sensores de sobrevivência.
Tome por agora o provérbio modificado : aquele filho é o pai esculpido e encarnado... Com este anexim tem que se relativizar. Na imensa maioria dos indivíduos essa é a regra a se produzir os seus efeitos. Casos concretos. Um pai cujo perfil é de um homem laborioso, produtivo, com uma vida disciplinada em tudo. O filho deste cidadão operoso e responsável em todos os âmbitos da vida. Será que esse filho quando na sua maioridade se tornará semelhante ou equivalente ao pai ? Resposta simples e sem circunlóquios, vai depender da educação recebida.
Muitos são os terráqueos  , brasileiros natos que copiam o pai muito mais nos seus vícios de conduta , na sua vida indisciplinada e desonesta do que copiaria se ele fizesse o contrário: honesto, probo, disciplinado, trabalhador, ético.
Temos notícias de muitos cidadãos e cidadãs  que imitam muito mais as famílias no que elas possuem de perverso e antissocial do que contrariando-as em uma vida de prudência, de moderação , de trabalho e organização construtiva. Por isso pode-se cravar que nesses quesitos de hereditariedade dá-se o princípio da vida imitando a vida. A família , os pais , o entorno social são determinantes no cabedal moral, civil e de honradez do sujeito( criança, adolescente, jovem) até ele se tornar um adulto definitivo em tudo, de um caráter permanente e resistente a qualquer  mudança. Assim, teremos uma influência do bem prevalecendo sobre o mal; a virtude ou honestidade triunfando sobre  o desviante, o pernóstico, o feio o indecoroso e ponto final.

Uma Pá que...

A PALAVRA

João Joaquim

Eu dou de começar essa digressão pela palavra. Notemos como a palavra palavra já diz muito em si mesma. Pá que lavra. Não fica apenas nesta função. Cada qual(ele) e cada quala(ela) podem fazer dela um instrumento multifuncional. Uma arma, uma faca, uma caneta, um agente corrosivo, cáustico, acre, acrimonioso, odorífico, fétido ou bilioso. Vai depender de que pá se utilize.
O português é fértil  em pás e lavras. Muitas são as palavras que já trazem implícitas as suas mensagens, os seus símbolos, signos e significados. A onomástica, a patronímia já o dizem muito bem o porque das pessoas empregar com convicção esse ou aquele nome para designar os filhos, os bichos, as coisas. 
Todavia, as pessoas que assim procedem se não souberem bem a origem da palavra  trarão um significado diverso do que pretendem. Na dúvida o melhor é se valer do arroz com o feijão  e empregar João e Maria ou José e Josefa  e não se arrepender depois.
Muita vez já ocorrera comigo de ter que justificar e trocar os termos  ou até pedir desculpas por palavras cuja  fonética soavam meio chulas ou de significado muito distorcido de sua realidade. Eu tomaria dois nomes de medicamentos que me trouxeram alguma dificuldade no adicional prescritivo. 
Foram nomes passados por telefone, daí o soletrar para o fácil entendimento. Re-bo-xe-ti-na, reboxetina ®. Ao que a paciente do outro lado da linha indagou meio pasma: como chama mesmo o remédio doutor ? Eu optei por receitar um sucedâneo e não  trazer mais embaraço na compra do produto. Não sei porque o medicamento foi retirado do mercado. Era empregado para depressão. Dá para imaginar o porquê da suspensão.
Outro caso de remédio, tido como última opção no tratamento de insuficiência cardíaca. A senhora septuagenária, ofegante, solicita por telefone uma melhor opção na melhora de seu quadro clínico. Ato contínuo, eu soletrei a droga: Sa-cu-bi-tril. Sacubitril ® . Ante a estranheza pela cacofonia e sugestiva chulice  do termo não tive alternativa como convencer a desconfiada paciente a adquirir e tomar o medicamento.
E assim, vamos deparar em nosso léxico com um sem-número de palavras que para algum estrangeiro vão sugerir o que não é. Alguns exemplos ilustrarão essa dificuldade ou saia justa.
Tergiversar; nada a ver com ter de versar ou poetar; significa escusar-se ou pretextar(-se).
Sumidade ; nada a ver com quem some , mas qualquer  personalidade eminente(# iminente).
Pacóvio ; nada a ter com uma pá na cova, significa imbecil, idiota, néscio, fútil.
Inócuo ; nada a ver com algo em região orificial de alguém; simplesmente inofensivo, anódino , neutro.
Insolente ; nada significa de sol ou lente; mas desagradável, rebarbativo, antipático.
Engodar ; muitos obesos, quando muito repimpados buscam tratamento para não mais engordar. Só que alguns engodam a si mesmo, mentem. Enganar ou enganar-se.
Arroubo; sugere o ato ou inclinação de alguém com uma forma de crime, furto ou roubo . Verdade que muitos gatunos fazem o seu ato com muito arroubo; entusiasmo, fervor, energia.
Alcunha; esta também sugere algo que não é . Ah! O cunha( Eduardo cunha), o cunhado. Nenhum nexo, significa cognome, apelido.
E para finalizar duas palavronas que trazem sentido curioso e algo a ver com a sugestão de sua fonética.
Elucubração; trata-se de qualquer atividade pela madrugada a dentro, atividade intelectual, mental, estudar, administrativa, etc.
Concupiscência; palavra que além de não sugerir algo ou feito moralmente e socialmente belo, de fato refere-se à lascívia, inclinação ou sentimento libidinoso, erotismo e devassidão carnal.
Ficam aqui então esse poder das palavras, um instrumento poderoso em construir, desconstruir, trazer uma mensagem poderosa que vai certeira ao nosso alvo ou interlocutor.

O Direito das Cores

UM OLHAR DIFERENTE SOBRE O PRECONCEITO ÉTNICO-RACIAL 
                Joao Joaquim

Com efeito , o planeta inteiro está assistindo com atenção aos funerais do americano negro George Floyd. Ele foi assassinado cruel e indefesamente  por um policial, em plena via pública, sob a suspeita de tentar usar uma cédula falta de U$ 20. A audiência e repercussão global do caso ganharam em importância, pelas gigantescas passeatas em ruas de Capitais e cidades americanas que resultaram em outros protestos por diversos países; todos tendo como mote, faixas, reivindicações e exigências de mudanças contra o racismo ,o preconceito, a exploração dos afrodescendentes; todos contra a violência e segregação da etnia negra, entre outros pedidos de mudanças.
O que a imprensa registra e exibe  são extensas passeatas, desfiles, confrontos exaltados e as mensagens aos governantes, ao presidente dos U.S.A( Donald Trump) e outros chefes de Estado no sentido de revisão de leis, protocolos e diretrizes das polícias_ notadamente dos U.S.A_ para um tratamento isonômico, democrático e sem violência que contemporizem todos ,indistintamente. Sejam negros, latinos, brancos e outras minorias sociais e étnico-raciais.
A questão do preconceito racial, da discriminação étnica, da intolerância de grupos, de minorias quaisquer, remontam às origens do próprio homem, não importa como foi o surgimento do homem no planeta(teoria criacionista ou  teoria evolucionista). Quando revisitamos as Sagradas Escrituras, deparamos com várias descrições de escravidão, de intolerância, de conflitos, de perseguições, de graves, gravíssimos distúrbios de convivência e eliminação de pessoas. De guerras, de extermínios de comunidades  que não professaram a mesma fé dos agressores e perseguidores. Fatos históricos que perduram até hoje(e.g, fundamentalistas).
A História da humanidade registra inúmeros movimentos de perseguidores a outros grupos, a outras minorias por razões as mais variadas: étnicas, culturais, religiosas, fé, símbolos de crenças e doutrinas. Por uma questão ancestral e fatores genéticos intrínsecos o gênero humano é um animal cheio de inveja, de sentimentos de vingança, do desejo de subjugar e humilhar os outros indivíduos, sejam da mesma espécie ou não.
Eu quero concentrar o presente artigo na inesgotável discussão da discriminação ou preconceito com os negros, especificamente. Torna-se impossível os estudos, os censos, as estatísticas enfim,  mostrarem o quanto por aproximação que seja, o quanto há no planeta de negros e brancos. De Índios , tal contagem se torna fácil, tendo em conta o quanto se reduziu a sua população, pela própria dizimação que sofreram ,em  autênticos genocídios.
Com a população de negros , esse processo se torna impraticável pela ocorrência de miscigenação , dos longos séculos de escravidão , pelo processo de colonização , da grande imigração dos africanos negros em todos os países colonizadores.
São milhares de afrodescendentes espalhados pelo mundo, por isso a variação da cor da pele é mito grande. Referida questão se torna bem característica  em questionários de antropometria e a dificuldade em definir-se como negro ou branco pela simples tonalidade da pele. No ingresso em universidades todos querem ser negros.
O que se tem de certo é que a etnia negra pura, originária, sem miscigenação é minoria, e esta de fato e de concreto é que mais sofre os ataques racistas, as injúrias, a rejeição, o preconceito. E todas são passíveis de punição porque já há  previsão legal para tais crimes. Todos somos uníssonos nessas punições.
Como conclusão , pode-se cravar essas previsões  , essas tendências , em que pese frustrações e lamentações.  Porque é da natureza, é da índole, do comportamento e atributos do homem. O gênero humano, de forma individual, em grupo , em sociedade ou cultura tem a tendência, a inclinação em rejeitar quem é diferente, pequeno, minoritário e estranho ao grupo maior. Tal fenômeno se verifica com o índio, com os LGBTI, com os obesos, com os deficientes físicos , com os fora do modelo de beleza e padrões impostos pela própria  sociedade, pelos sistemas reinantes como capitalismo e consumismo.
Portanto, apesar das leis, dos protestos, dos atos de espernear , das cotas raciais, dos movimentos de igualdade; passados 100 anos( lá pelo ano de 2100), dois séculos, esses sentimentos de intolerância, de rejeição  e preconceitos estarão vívidos e praticados pela maioria da população do planeta, sob nossos protestos e movimentos  de indignação, porque todos injustificados e insensatos .

Assassínios de Reputações

Quando se fala em assassinato, tem-se logo o conceito desse delituoso feito. Ato de matar, de eliminar o outro, também chamado de crime cont...