sábado, 31 de outubro de 2015

A PÓLVORA...

UMA HISTÓRIA DE PÓLVORA , O ANÃO QUE VENCEU O GIGANTE

João Joaquim


 Há certas invenções ou ideias que vale o esforço de pesquisa  ou busca por  quem foi o primeiro criador, idealista e inventor. E não precisa ser grande engenheiro , inventor , ou  uma enorme máquina para ver a sua importância. Basta que essa criação tenha uma utilidade para toda ou quase toda humanidade. Vamos pegar como exemplos dois extremos em termos de grandeza e custo de produção. Um submarino e um iate, uma panela de pressão e um chuveiro elétrico. Quais desses quatro inventos têm mais alcance social? Eu não conheço submarino nem iate. Chuveiro e panela de pressão  me trazem benefícios desde a infância. Eu tenho curiosidade pelos idealistas e autores desses dois  últimos utensílios domésticos. Na minha concepção foram dois grandes benfeitores da humanidade pelo tanto de pessoas beneficiadas. Não que o submarino ou o iate não sejam úteis. Eles são , mas para que, para quem  e para quantas pessoas ?
Peguemos o prêmio Nobel de Medicina de 2105.  À primeira vista soa uma descoberta simples. Os laureados foram William C. Campbell, Satoshi Omura  e dra Youyou Tu. Campbell e Omura isolaram o vermicida Ivermectina no tratamento da oncocercose ( cegueira dos rios) e da filariose( elefantíase ). Youyou Tu, descobriu a artemisina , no tratamento da malária. Pronto. Torna-se dispensável tecer louvores a esses descobridores do quanto de benefícios eles trazem para a humanidade.  
 Em outros extremos eu não tenho a menor vontade e interesse em quem teve a ignóbil imaginação. Pólvora ,  dinamite e armas de fogo  por exemplo. Quanta desgraça trouxeram para a humanidade.
Sobre a pólvora há uma estória que cheira a verdade. Desacredite quem for cético. Conta-se que em um  reino, lá pelas terras da China, havia um gigante e um anão, e este era humilhado e sovado pelo grandão. O pequenino não aguentava mais  de tanto apanhar. Até que um dia apareceu-lhe um anjo das trevas e lhe ensinou um meio, no caso uma substância (na verdade uma composição de nitroglicerina) com a qual ele poderia vencer o tirânico gigante. Recurso aprendido e empregado no próximo confronto. No primeiro encontro com seu antigo carrasco não deu outra. Ao primeiro safanão que o anão levou, ato contínuo ele detonou uma bomba nos pés de seu algoz espatifando-o pelos ares. Foi daí que surgiu a pólvora. Uma diabólica invenção.
E assim perpetuou a humanidade nos seus confrontos. Hoje, a pólvora e sua parente como a dinamite e os artefatos atômicos continuam fazendo a diferença. Algo terrificante  de se constatar e de  ver até nos meios diplomáticos. Quer exemplo mais claro do que a Coreia do Norte( ou da morte)?  Volta e meia assistimos às bravatas e escaramuças do ditador Kim Jon Un em encenações e , se preciso for, empregar suas bombas atômicas. Como consequência,  pelo  medo do diabo colocar seu plano em ação, os gigantes ocidentais (EUA por exemplo) se recuam e nada podem fazer contra as atrocidades e paranoias daquele regime. O mesmo se dá com muitos outros tresloucados terroristas como os do Isis, e fundamentalistas que volta e meia detonam seu artefatos vitimando dezenas de pessoas inocentes.
Um outro invento que não tenho o menor esforço um saber da infeliz ideia foi a tal de arma de fogo portátil. Se observarmos de forma realística foi uma concepção diabólica mesmo.  A produção em massa de armas de fogo  se dá no mesmo espírito do embate (estória) do gigante x o  anão que apanhava. Vamos à estatística brasileira. O número de homicídios e feminicídios no Brasil por ano se equipara ao de  qualquer registro  de guerra, 50.000 mortos/ ano. No Brasil, temos uma legislação no mínimo bizarra, de absoluto contra senso, quanto ao uso de armas de fogo . Ao cidadão de bem e honesto é proibido o porte e posse de arma de fogo . Para o bandido não faz diferença. Um crimezinho  a mais por andar com arma roubada pouco lhe fará diferença.
Agora loucura e esquisitice maior se dá nos EUA. Lá não há tantos bandidos e tantas leis (não cumpridas ) como aqui. Todavia, todo cidadão com CPF ou  RG  e endereço pode ter uma pistola ou um fuzil. Numa análise rasa e simples, vá lá entender o que pensam os legisladores americanos, um país considerado o maior guardião da democracia, o maior representante e membro mais forte da ONU, o mais eloquente defensor dos direitos humanos. Com todos esses predicativos, o país acha normal cada americano ter e portar quantas armas de fogo ele quiser.
Não é sem razão que volta e meia ocorrem assassinatos brutais, execuções e carnificinas por algum psicopata em escolas e outras instituições. É a típica estória de algum gigante, metaforicamente falando( escolas, supermercados, órgãos públicos) que se vê atacado  pela pólvora de algum anão instruído e inspirado  pelo diabo. Que horror.            out/2015


João Joaquim - médico 

PAPA FRANCISCO

O Papa e o Estadista a Serviço dos Povos e do Planeta

João Joaquim

Volta e meia a imprensa noticia aqueles encontros de estadistas ,líderes mundiais, reuniões e cúpulas de chefes de governo, painel isso, painel aquilo, reuniões da OEA, da ONU, da UNASUL, do Mercosul, dos diretores da FIFA, dos chefes do estado islâmico e o escambau. Por falar em FIFA e escambau, que fase está vivendo nossa decrépita e retrógada entidade milionária que sempre mandou, desmandou e mal gerenciou  o esporte mais popular do mundo, o futebol. Um dia a casa ia cair e caiu. Até seu, ainda chefão , está arriscado e ser promovido de presi-dente  a presi-diário. O Sr Joseph Blater se julgava intocável. Ele terá muitas coisas para explicar à Justiça Suiça, suas traficâncias com outros larápios do futebol, inclusive os ex presidentes da CBF José Maria Marin( se encontra preso em Zurique) e Sr Ricardo Teixeira, investigado( por ora).
Mas, nesta última semana de setembro/2015, nada repercutiu tanto na imprensa como a exposição de um único personagem. Trata-se do papa Francisco ou o “Pope Francis” como o chamam em inglês. Ele, sim, com justiça um autêntico “pop star” para cristãos, não cristãos e até  ateus.
Eu considero que nunca na História recente uma viagem de um estadista trouxe tanto impacto positivo como esse de Francisco. É bom rememorar que ele encampa o chefe mundial do catolicismo e chefe de Estado do Vaticano. E isto perde importância em seus périplos pelo mundo dada a importância das   mensagens que ele traz em prol da humanidade, sobretudo pelas pessoas mais pobres e à margem dos benefícios do progresso.
O que reverbera e soa de muito bom e construtivo nos discursos e homilias de Francisco não são a interpretação dos evangelhos e textos bíblicos; isto é o de menor monta e significância em suas falas. Suas súplicas e exortações são sempre no sentido do bem-estar, fraternidade e justiça social para os desvalidos e sem-nada neste mundo.
Outra questão muito exaltada pelo papa tem sido o cuidado com a natureza, com o meio ambiente. Como de muitos sabido, Francisco lançou recentemente a encíclica (carta pontifícia) Laudato Si. Numa tradução livre, carta da terra.
Nessa viagem( Cuba , Estados Unidos), o sumo pontífice esteve primeiro em Cuba e por fim nos E.U.A. Agora fiquei de cá no Brasil vendo pela TV os discursos;  primeiro do ditador comunista Raul Castro e depois de Francisco, que de forma serena pontuou sobre a pobreza, a exclusão social, a falta de tantas coisas básicas, enquanto os governantes só pensam em si e como  manter-se no poder em nome de uma ideologia e de radicalismos autoritários. Imaginem o que pensava aquele povo sem direito a nada, sem direito a  opinião e outras conquistas de outro mundo democrático, desenvolvido e capitalista. O que será que sentiram os irmãos Castro ,da revolução de Fidel  e do PC Cubano?
Outro ponto alto da visita papal foi sua passagem pela terra do Tio Sam. O discurso no congresso foi uma efeméride sem igual . Nunca outra visita ao parlamento americano( Capitólio) tinha sido feita por um chefe da igreja católica .
 Alguns tópicos da visita de Francisco em Washington são de grande impacto. Como exemplos a produção industrial e consumo com menos emissão de CO2, a exploração predatória do planeta, as desigualdades provocadas pelo capitalismo, a exploração das pessoas pelas economias de mercado, etc.
Até mesmo sobre a reaproximação de Cuba com os E.U.A, o papa Francisco não deixou de intervir e pedir a suspensão de embargo econômico vigente desde 1959, com a tomada da Ilha por Fidel Castro.
Enfim por onde passa o papa, independentemente de credo ou fé religiosa, ele deixa uma renovada esperança nas pessoas pela paz, pela fraternidade, na justiça e em uma sociedade melhor e um planeta mais limpo e desfrutado por todos de forma mais igualitária e sustentável.   Out /2015

   João Joaquim 


quarta-feira, 30 de setembro de 2015

CRIMES E CIÊNCIAS....

CRIMES PERFEITOS OU POLÍCIAS SEM RECURSOS TECNOCIENTÍFIFCOS?

 João Joaquim 


  Há um pensamento no meio policial e no direito penal de que crime perfeito não existe. Partindo dessa premissa, sem ter formação em ciências jurídicas  quero fazer algumas considerações. Eu penso ser essa afirmação verdadeira quando se faz uma rígida e científica investigação sobre qualquer delito. Nos EUA e outros países G10(grupo dos 10 mais evoluídos) é possível que de fato seja impossível o criminoso passar impune, porquanto nessas nações empregam-se todos os recursos das ciências na elucidação dos crimes e por consequência a punição justa do autor delituoso.
Tal consideração já não se pode fazer no Brasil. Aqui muitos crimes passam por perfeitos por falta de mais estrutura técnico-científica das polícias.  O país também parece o lugar perfeito para a impunidade, para o refúgio  até mesmo de criminosos de alta patente e grande periculosidade ( casos por exemplo do inglês Ronald Biggs , já falecido, e do vivinho  italiano  Cesare Battisti).
É bom também assinalar, em nome da justiça e imparcialidade, que tal característica não é exclusividade nossa. Se buscarmos nos anais policiais e judiciais de países sulamericanos há estatísticas muito piores do que a do Brasil. Um caso que me vem à memória agora é o do procurador  de justiça da Argentina, Natalio Alberto  Nisman, que foi executado em janeiro /2015, e nada se tem de concreto dos autores do crime. Como parece ter pessoas graúdas e políticos envolvidos na trama, aí é que o caso se torna recheado de interrogações .   
 Um caso brasileiro que vem intrigando a opinião pública e a imprensa é o do ex prefeito Celso Daniel de Santo André -SP( assassinado em janeiro de 2002). O ex-prefeito era do PT e parecia um personagem promissor como gestor público. Causa estranheza e perplexidade porque acharam o cadáver no mesmo dia, as marcas da violência, o automóvel usado no crime, prenderam alguns suspeitos, mas o mistério continua. Quem mandou matar o prefeito da próspera cidade de Santo André ? Ao que parece as respostas a esse enigma, que sugere envolvimento de gente graúda do PT (partido do ex presidente Lula da Silva), ficarão para as calendas brasileiras . Ao não se achar os executores do crime e mandantes vem-me à memória o caso de Dana de Teffé( desaparecida em junho/1961), tão bem descrito por Heitor Cony. A mulher desapareceu e não foram encontrados se quer os ossos de Dana de Teffé . “ Onde estão os ossos de Dana de Teffé” ? Pergunta o nosso grande Cony, em crônica memorável sobre o episódio . Tal crime sem achar os assassinos se tornou um emblema dos muitos mistérios insolúveis do Brasil .
 Nesse enigmático crime de Santo André, entre os indiciados um deles tem até apelido curioso, sombra. Foram tantas idas e vindas de depoimentos, diz-que-não-diz, que toda a investigação sobre  quem foram os mentores e mandantes permanece repleta de dúvidas e muita nebulosidade. No fundo o que se tem de certo desse funesto e rumoroso crime é que ele muito assombra o próprio ex-presidente Lula e outros líderes  petistas.
No concernente ainda ao Brasil alguns comentários são bem pertinentes. O primeiro refere-se à dificuldade da justiça em alcançar certos personagens, que adquirem uma certa aura de intocabilidade( isto me lembra os intocáveis, em livro e o filme ). O que parece ser um defeito da própria constituição quando diz que o chefe de Estado não pode ser investigado por atos contrários ou alheios à função. Uma prerrogativa que beira ao absurdo. Isto significa que antes de empossado o presidente pode ter cometido fraudes, estelionatos, corrupção ou até matado alguém que nada disso pesa em sua função? É uma coisa “sem nexo e sem sexo”. Um outro grande defeito de nossa justiça é a barafunda (cipoal, serapatel) de leis. Em qualquer crime, seja contra a vida ou do colarinho branco, são tantos recursos, leis e anti-leis que o delinquente fica velho, o crime prescreve e o maldito até ri da justiça.
Outra grave questão típica do Brasil é o chamado tráfico de influência. Esta é uma realidade recorrente quando se trata dos crimes das chamadas figuras do alto clero, milionários, políticos e autoridades em geral. Quer exemplos do momento , chegadinhos de frescos : o ex presidente Lula da Silva e a presidente Dilma Rousseff. Por que eles ainda não foram ouvidos como testemunhas, ao menos, nas oitivas da operação lava-jato?  Ou será que eles são tão cândidos que  continuam intocáveis?
 Mas, enfim parece que nem tudo está perdido e nem todos  ficarão  impunes. É o que nos traz esperança. Pelo menos assim está nos demonstrando a badalada operação lava-jato com sede em Curitiba-PR, comandada pelo juiz Sérgio Moro. Alguns empresários corruptos e ex políticos começam a receber pesadas penas pelos malfeitos. Isto significa o fim de muita impunidade e o começo de um novo Brasil. Algo muito positivo para a sociedade.

 Set/2015 -

PREVENIR OU REMEDIAR..

O QUE A MEDICINA DEVERIA FAZER E NÃO FAZ PELAS PESSOAS
João Joaquim  



 Nós médicos somos os profissionais que trabalhamos em reparar os danos à saúde. Atuamos também na prevenção das doenças. E esta deveria ser uma das maiores preocupações de qualquer especialista ou não em ciências da saúde. No entanto, isto não se verifica como prioridade  em qualquer formação acadêmica. Uma falha que começa na graduação básica, nas grades curriculares das faculdades. Os planos do governo petista são socializar ou cubanizar a profissão médica. O programa “Mais Médicos” está aí para confirmar este desejo dos atuais mandatários do Brasil .
Quero ater-me mais à Medicina onde tenho meu podômetro com bons quilômetros de caminhada. Em termos preventivos basta fazer uma pausa e se perguntar: quantos médicos eu conheço dedicado por exemplo em saúde pública, em epidemiologia, em puericultura ou nutrição infantil, em nutrologia e  medicina  de família? Especialidades estas quase extintas.
Quer ver uma incoerência ou usando um lugar-comum mais moderno um ponto fora da curva na área médica? A especialidade de geriatria. Ou seja, tratar o idoso quando ele já está depauperado (perdoe-me o quase cacófato de-pau-operado). Hoje, com os conhecimentos da Medicina, o que seria mais correto? Prevenir todas aquelas doenças que debilitam, invalidam e matam muitas pessoas ainda em fase produtiva física e intelectualmente. Os  conhecimentos da biologia, fisiologia e outros ramos da saúde permitem que o indivíduo cheque aos 80 anos altamente produtivo.
Como exemplos de enfermidades evitáveis :  a doença coronária, infarto e derrames cerebrais causados por dietas ricas em gorduras e colesterol. O diabetes tipo II do adulto causado por sedentarismo e obesidade. Muitas outras doenças metabólicas e cardiovasculares induzidas por um estilo de vida insalubre. Os vícios da nicotina, drogas ilícitas e álcool. Muitas formas de neoplasia (câncer) com etiologia bem compreendida e passíveis de prevenção como de útero, mama, próstata , pulmão  etc.
A Medicina preventiva representa a melhor relação custo/benefício para o governo e para as pessoas. Para tanto bastar pensar nas campanhas vacinais e o quanto esta estratégia representa em termos de redução de sofrimento, de sequelas e mortes. Imaginemos se não existisse vacinas para poliomielite (paralisia infantil), para o tétano, sarampo e meningite. Vacinas e soros são uma das grandes conquistas das ciências médicas. Para o Estado representa o melhor investimento pela economia com internações e outros gastos com os danos induzidos por essas doenças infectocontagiosas de alta morbidade e mortalidade.
O mesmo raciocínio das vacinas e soros pode ser feito para muitas outras doenças debilitantes e invalidantes. Realçando alguns casos: como se previne ou minimiza a artrose? Exercícios físicos continuados, manutenção do peso corporal normal, postura correta em qualquer trabalho, respeitar limites no transporte (corporal) e movimentação de qualquer objeto pesado etc. Como evitar o enfisema ou bronquite crônica? Não fumar e não conviver com fumante. Diabetes tipo II? Atividade física, peso normal e dieta com menos carboidratos, massas e gorduras . Infarto do miocárdio e derrame cerebral? Estilo de vida o mais saudável e antiestresse possível.
A Medicina atual oferece a cada pessoa as estratégias e diretrizes para essas e muitas outras doenças que comprometem a qualidade de vida e longevidade. Para tanto basta as consultas e exames periódicos com um profissional bem qualificado para tais “check-ups”.
Infelizmente, a Medicina se transformou num mercado como outro qualquer. Tanto que surgiram as empresas que exploram o ramo. São os planos ou seguros da chamada Medicina suplementar. Paciente virou cliente ou usuário e médico é tratado como prestador de serviço.
Tornando àquela questão inicial da importância que deveria se dar à prevenção. A cada dia assistimos ao domínio da Medicina curativa em detrimento da preventiva. As indústrias de insumos farmacêuticos, órteses e próteses são um claro exemplo desta inversão de valores da prevenção versus tratamentos paliativos ou curativos. Enfim uma das explicações deste domínio e desta tendência são os lucros exorbitantes dos laboratórios em geral com os milhões de doentes crônicos vítimas das doenças crônico-degenerativas. Não é sem razão que a previdência social está à beira da falência. Tudo em função dos milhões gastos a cada mês com cirurgias, auxílio-doença, aposentadorias, internações, procedimentos diagnósticos de alto custo, órteses e próteses; além dos mórbidos e nocivos vírus da corrupção! Tudo aqui citado é muito triste, acontece em muitos países do terceiro mundo mas, também aqui no Brasil. Temos estádios e arenas padrão Fifa  mas, saúde pública e educação qualidade africana. E pelo cheiro da brilhantina dos topetes petistas a coisa pode piorar!  Set/ 2015.  

# NAUFRÁGIODAHUMANIDADE



O NAUFRÁGIO DE NOSSOS SENTIMENTOS HUMANITÁRIOS

JOÃO JOAQUIM 


Quando o mudo achava que certas bestas ou monstros com feições humanas não aterrorizariam mais a humanidade, eis que eles estão aí de volta. E não são fantasmagóricos, mas de carne e osso. A mitologia grega nos deu a esfinge, a quimera e a hidra de lerna. A História recente nos conta das vítimas  dos monstros humanos de um Pol Pot do Khmer vermelho, de um Stalin, de um Lenin e de um Hitler. Parecia que outros da mesma malignidade e barbárie não atormentariam mais as pessoas de bem e os inocentes. Ledo e pueril engano.
Todos esses facínoras e peçonhentos predadores com feições de homem e espíritos diabólicos estão aí e pelo cheiro de  pólvora ,  do alcance de  seus mísseis e bombas será muito difícil de serem dominados. Fala-se aqui dos chefes de pretensos califados muçulmanos, de um ditador sírio Bashar Al-Saad,  de terroristas de um Boko-Haram e de assassinos do estado islâmico (isis); autênticos vermes e ratos enlouquecidos que cometem os mais infames crimes contra quem encontram pela frente, sejam crianças ou idosos.
Não bastassem o extermínio de pessoas e toda sorte de crimes perpetrados por esses carniceiros, assistimos hoje, a uma das maiores tragédias de nossos tempos. Referimo-nos aqui ao drama dos refugiados dos regimes tirânicos, de guerras desses países em conflito e ação criminosa desses terroristas e alienados, entre os quais  os desclassificados  fundamentalistas islâmicos . A bem da verdade eles são os anti-islâmicos e anti-alcorânicos. Assim se expressa  porque a rigor, o Alcorão( ou Corão) é um livro sagrado que só prega o respeito, a união entre as pessoas, o amor e a solidariedade.
A tragédia vivida por refugiados de regimes tirânicos  e do terrorismo que vem se implantando em vários países( Síria, Líbia, Iraque, Afeganistão, Nigéria) ao que se sabe não tem precedentes de igual magnitude na História da humanidade.
 Esse drama dos refugiados  não é novo e   começou a ter  notoriedade a partir da II guerra mundial. Tanto que o estatuto do refugiado se torna mais conhecido a partir desse período. Na década de 1950 foi criado o alto comissariado das nações unidas para os refugiados(ACNUR).
Por definição e regra refugiado é qualquer pessoa que tem medo ou de fato sofre perseguição em função de etnia racial, religião, nacionalidade, opção sexual, ou ideologia política, ou se sente ameaçado por conflitos armados em seu país de origem. Qualquer cidadão refugiado, onde é aceito como tal,  conforme o protocolo e convenção dos refugiados tem direito a essas características e opções  (etnia, religião, orientação sexual etc).
Atualmente, mais de 52 milhões de pessoas vivem fora de seu país como refugiadas. Nunca se viu tanta gente fugindo de guerras e regimes autoritários. Os países dos quais têm mais fugitivos são: Afeganistão, Síria, Somália, Congo, Birmânia, Iraque, Colômbia, Vietnã, Eritréia, etc.
As redes de televisão têm mostrado diariamente as levas de milhares de pessoas pela Europa em busca de outras nações  como refúgio. Alemanha, Croácia, Itália, Hungria, Reino unido entre outras têm sido o destino dessas vítimas. As cenas têm sido muito fortes, sobretudo quando imaginamos a fragilidade de idosos e crianças. As reações de intolerância a essas pessoas ( muitas de países africanos e  asiáticos muçulmanos) são incompreendidas e inaceitáveis. A Europa como um todo deveria repensar a dívida moral e material que tem com muitos desses povos que outrora foram escravizados de forma predatória e desumana. Época do colonialismo onde tanta riqueza e força de trabalho humano foram exploradas.  
Em meio a todo o calvário dessas vítimas outro tipo de predador e traficante de pessoas não tem faltado. São os piratas de mar que se oferecem para o transporte desses desesperados. E então outra tragédia vem se somar ao drama desses desgraçados e apátridas, que é o naufrágio nessas frágeis embarcações. Foi por exemplo o que ocorreu com a família do pequeno e inocente Aylan Kurdi em 03 de Setembro 2015. Eles saíram de Bodrum( Turquia) com destino à ilha de Kos. A imagem de Aylan morto na praia, como que abraçando a planeta terra é de cortar o coração de qualquer ser humano com um mínimo de fraternidade e amor ao próximo.
O pequeno Aylan  e sua família foram vítimas do egoísmo, da egolatria, da sede de poder e da esquizofrenia em que vêm se transformando certos regimes ditatoriais, como nos demonstra o governo da Síria do ditador Bashar Al-Saad.
Essa criança, um inocente sonhador que era Aylan,  se tornou o emblema dessa tragédia humanitária. O mundo, a ONU e a Europa não podem fechar os olhos para esse drama, para essa fuga desesperada de pessoas por sobrevivência e dignidade. Do contrário, como bem definiu uma mensagem que rodou o planeta, podemos estar assistindo de forma terminal ao naufrágio da humanidade( leia-se fraternidade e generosidade) . Quão triste.

CONSUMO CONSCIENTE...

ALGUM BANCO PODE ME DAR  UM CHEQUE-ESPECIAL ?

João Joaquim 

 Volta e meia eu ponho-me a pensar com meus molhos de chaves e botões sobre o comportamento das pessoas como consumidoras e os motivos de seu consumo. Eu penso que estamos vivendo uma verdadeira piração quando a discussão envolve consumo. Não falo nem só de Brasil. Trata-se de um comportamento humano. Ele é universal e revela nossa inclinação e caráter em ser manipulado e sugestionado pelos outros e pelo marketing .
Nossa sociedade do consumo com seus estímulos para as compras sofre do que ramos da psicologia comportamental  chamam de efeitos da manada. Existe nessa tendência, um fenômeno: repetir  o destino de seus pares, como reses em uma boiada. Vez e outra alguma desgarra do pelotão com rebeldia. Aí o peão(propaganda) a traz à manada a laço.
O fenômeno do hiperconsumo tomou conta das pessoas. Ele representa nesses tempos virtuais uma verdadeira neurotização do indivíduo. Não se sabe o que nem por que consumir. Para explorar essa debilidade da personalidade das pessoas surgiram outras classes de pessoas. São aqueles grupos(pessoas jurídicas) que exploram esse lado fraco de todos. Temos então as empresas do ramo do consumo. As mais antigas ao que parece foram uma invenção dos judeus( ou dos italianos). São as instituições bancárias e os crediários . Os bancos estatais ou privados vendem dinheiro aos consumidores. O dinheiro que os bancos vendem é o produto (ou commodity) mais caro do mundo. E não há crise nesse negócio porque uma ou outra hora o sujeito estará em dificuldade e terá que recorrer ao banqueiro para pedir (comprar) dinheiro, a que deram o nome de empréstimo ou financiamento .
Os bancos são empresas, sejam oficiais ou privados, que exploram a infelicidade, o infortúnio das pessoas. Isto a falar daquelas necessidades básicas ou prementes.
Por exemplo, na aquisição da casa própria ou para saldar uma dívida. E olha que hipocrisia! Na compra da casa própria, este bem é alienado porque o dono legítimo do imóvel é o banco financiador. Se o mutuário não pagar à instituição financeira, esse bem é tomado  de volta, a preço subestimado para saldar a dívida. Não fica só nisso. Para explorar a fraqueza do caráter humano nos quesitos de consumo os bancos criaram o chamado cheque especial. E aqui vejam a armadilha do termo. Cheque especial para quem? Para o banco ou correntista? Eu gostaria imensamente de um dia ter um banco que me concedesse um limite de 20.000, por mês sem juros. Os bancos representam os mais perversos e desonestos usurários (agiotas) desse planeta e nós, usuários (consumidores idiotas), desse sistema. Tudo sob o pálio do Estado e com os beneplácitos das leis.
Ainda dentro do sistema financeiro, quer outra ironia desse mercado explorador? Os tão badalados e traiçoeiros cartões de crédito. Quanto engodo e escárnio dos frágeis e tolos consumidores. Na verdade deveriam chamar cartões de dívida. São juros abusivos, todas as operadoras atuam em cartel com os bancos e se o inadimplente não pagar, eles por força contratual e com amparo da lei, levam até cuecas, calcinhas, os dedos e anéis do devedor.
Enfim o tema é por demais vasto e o pouco que se disse aqui não basta para trazer à baila a relação desonesta e de exploração que existe entre não só no sistema financeiro mas em muitas outras indústrias e comércio com a ponta derradeira e mais fraca dessas operações que é o consumidor.
O que se quer deixar como mensagem e força moral aos pais das novas gerações é a educação dos filhos para o consumo racional e consciente. Hoje, com os múltiplos meios de comunicação (TV, internet, mídias virtuais) existe um apelo desmedido para a  aquisição de muitas futilidades.
Há alguma futilidade que tem até alguma utilidade (minhas escusas pelo paradoxo). O que se condena pelo lado de toda forma de indústria e comércio são as propagandas aliciantes, apelativas e enganosas. Pela ponta mais fraca dessa relação, os consumidores, que não resistem ao marketing para a compra de tudo, tenha ou não o cliente provisões financeiros para essas aquisições. Somos um país com o maior índice de inadimplência e endividados do mundo. Se não acordarmos para essa realidade o desastre está muito próximo  ; com esse governo inepto e incompetente(do PT) então o que anda ruim poderá se tornar muito pior ( lei do Murphy).
Eu deixo como exemplos as seguintes situações: por que trocar de carro todo ano? Considerando que um automóvel de dois ou quatro anos vai resolver a necessidade de transporte do mesmo jeito? Por que o celular tem que ser o de grife e de última geração se com aquele usado de 2 anos eu falo do mesmo jeito com as pessoas ?
Eu , na dúvida, nessa manada de consumidores, prefiro continuar uma ovelha desgarrada do rebanhão de idiotas, mesmo que tentem me arrebanhar a laço.                                  set/2015   

João Joaquim 

PLANETA...E ESPORTES...

ECOLOGIA E OLIM-PIADAS 2016

 João Joaquim


Nesta  semana ,causaram-me boa impressão e um sentimento de brasilidade algumas notícias que li em alguns jornais on-line, Estadão, Folha etc.
Não foram acontecimentos  e fatos de investimento em estradas, escolas ou saúde. Nem frentes de trabalho, nem novas minas de petróleo sondadas pela Petrobras. Antes que todos fiquem impacientes e me chamem prolixo (ou pró lixo), eu digo logo, foram questões ecológicas,  de energia sustentável e olimpíadas 2016.
 Vamos às questões ecológicas no que concerne a saneamento básico ( urbano) e graduação ambiental. Não confundir com degradação ambiental que é outra coisa. Esta, a graduação ambiental é coisa diversa mais moderna.
Na verdade, sendo mais conciso e pró lixo eu falo a respeito dos depósitos dos lixos produzidos nas cidades. O expediente funciona mais ou menos assim: muitas Prefeituras no sentido de economia e em obediência à temida Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) não têm investido em aterros sanitários nem em reciclagem dos resíduos e rejeitos urbanos. Tudo de inaproveitável  ou muito descarte  ,  que é jogado  fora pelas pessoas e empresas tem sido lançado a céu aberto.
Voltando então ao conceito de graduação ambiental. Os lixos que as companhias urbanas recolhem das lixeiras ou mesmo das vias públicas  ( porque há pessoas que não têm lixeiras) refletem o ambiente social, familiar ou trabalhista dos ditos cidadãos  ;ou seja, é aquele principio sociológico: as pessoas são o que comem ou o lixo que produzem. Exemplo: se a pessoa tem os qualificativos de cidadania (igual a civilização) seu lixo estará bem embalado, separado em biodegradável ou permanente etc.
As mesmas características se aplicam às indústrias (empresas) com seus resíduos ou rejeitos sólidos. Das suas( as empresas no caso) preocupações com a ecologia se deduz a sua graduação ambiental (entenda-se graduação como classe social) no mundo ou meio onde vivem seus diretores, presidente e gestores). Os funcionários menos graduados dessas empresas não têm tanta culpa porque eles recebem ordens e normativos dos superiores, tecnicamente falando.
Dentro ainda desses primados da graduação ambiental muitos prefeitos e gestores da coisa pública (não confundir com “res publica”) fazem e defendem o seguinte.” No que tange ao lixo, nós, enquanto servidores do povo vamos acabar com esta tal de graduação ambiental. Os lixos, continuam eles, serão  amontados por igual, a céu aberto, para que ninguém que por ali passar possa identificar os primitivos donos daqueles  lixos ali despejados” . Vejam que ideia brilhante, embora venha de gente que nem reluz nem ofusca( ou nem fede nem cheira).
E pensando bem, têm razões suas excelências, os prefeitos, e as têm duas vezes,  primeiro porque assim não se discriminam (graduam) ou recriminam as pessoas pelo lixo que produzem e segundo, não há risco de exorbitância da tal LRF. Em suma, acaba-se com uma forma de discriminação humana e economiza-se dinheiro do erário municipal.
 A notícia de energia sustentável foi que a UFRJ construiu um estacionamento solar de cerca de 250 m2 de cobertura para os carros com placas de energia fotovoltaica. Para tanto a universidade federal deverá economizar por ano cerca de U$ 30.000 em contas de energia elétrica. Como prêmio e mimo do governo carioca (governador  Luiz Fernando  Pezão, ele calça 48) a UFRJ deixará ainda de pagar icms , algo em torno U$ 4000.000 por ano. Um negócio tipo pai bilionário (Estado RJ) para filho pobre (a União).
A notícia que li sobre olimpíadas 2016 foi esta: como preparativos para as olimpíadas 2016(Rio de Janeiro), o COI vem promovendo algumas provas-testes na Baia de Guanabara, Copacabana  e Lagoa Rodrigo de Freitas. Todavia, com alguns incidentes e micro-acidentes. Os atletas de remo(canoagem) e vela têm reclamado de alguns corpos e objetos estranhos nas águas desses mananciais. Algo do tipo cascas de coco, além do cocô, garrafas pets, sacos plásticos e peças de utensílios domésticos como sofá e  outros menos nomeáveis .
Outros técnicos europeus estão preocupados com detalhes sanitários como os vírus de hepatites e coliformes fecais.
Agora, francamente, falando direto para os atletas, homens fortes e musculosos. Vocês habituados a saltos mortais, distâncias com barreiras, superação de tantos limites;  et caetera e tal ;  vêm agora com tais melindres e futilidades de se preocuparem com pequenos objetos e bichinhos, presentes( e gratuitos) em nossas águas brasileiras. Não, não, por essa o Brasil não esperava. Francamente.   Set/2015

EM DEFESA DAS MULHERES...

SOU FEMINISTA e DEFENDO ESSAS MULHERES
João Joaquim 


 Eu começo esta crônica por um milenar provérbio de todos sabido que diz; do pau que nasce torto até as cinzas são tortas. Pode também ser dito no singular:  pau que nasce torto até a cinza é torta. Enfim ele encerra um anexim ou princípio do quanto de sabedoria e doutrina têm o senso comum, a filosofia popular ou o folclore. E nessa seara estão aí as obras de um Câmara Cascudo, de um Barão de Itararé ou de um Bariani Ortêncio para reforçar tais verdades e sentenças atemporais.
Eu abro a matéria com o dito -pau torto e cinza torta- para referir-me a uma notícia desta semana que dá conta de uma festa promovida numa penitenciária feminina( presídio Sant’Ana) em São Paulo capital. Os festejos se deram para comemorar os 22 anos da fundação do PCC. Para os não muito afeitos a siglas eu já explico. Não se trata do partido dos corruptos e cia; mas sim do primeiro comando da capital-PCC (SP). Organização criminosa esta congênere do comando vermelho do Rio de Janeiro Capital.
Vale lembrar que o partido dos corruptos e cia também existe, com uma ressalva, que o partido  é de quase todos desconhecido, uma vez que sendo criminoso não é registrado em cartório ou no TSE; daí funcionar na clandestinidade, nos bastidores e porões das grandes empresas ou empreiteiras, casas legislativas ou palácios de governos. Alguma semelhança com o Brasil não é mera coincidência.
A comemoração promovida pelas presas em São Paulo tinha uma particularidade. Em lugar de iguarias alimentares havia gastronomia  psicodélica. Bolos e salgadinhos foram trocados por drogas. Drogas com fartura. Em vez de confeitos e confetes foram servidos baseados(recheios) de cocaína, maconhas e sucedâneos. Como as hóspedes da penitenciária passavam de 2000, necessário se fez organizar filas para que todas as convivas fossem bem servidas.
Mostrando um alto senso organizacional, trata-se de outro detalhe não menos importante, a solenidade de muita pompa e regozijo foi registrada em fotos e filmada. Feitos de ficar para a posteridade. Tudo gravado, documentado e divulgado na internet e redes antissociais (ou sociais para quem o queira).
Assim posto e relatado falo eu agora, sem que eu queira ser rábula ou advogado desse ou aquele diabo (ou diabas no caso).
O primeiro lado ou causa que eu encampo é o das criminosas. E assim procedo porque vieram a imprensa, OAB, a sociedade e diretores do próprio presídio com o propósito, primeiro de censurar o consumo de drogas por aquele grupo de mulheres; segundo de aplicar àquelas condenadas algumas medidas disciplinares ou até mesmo recrudescendo suas penas já em cumprimento. Até onde sei há até operadores da lei (delegados, juízes ) dando parecer no sentido de punição às lideres daquele expediente festivo.

Tais intentos e ideias de retaliação ( isto me lembra as penas de talião) não procede. Diretores e chefes daquela  hospedaria penal foram sumariamente demitidos, sem direito à ampla defesa e ao contraditório. Postulados estes tidos e havidos como cláusulas pétreas da nossa  Constituição.
Tomo eu então a questão central, a defesa das festeiras em comemoração aos 22 anos do PCC,  que aliás é também chamado 15-3-3 ( ordem das letras no alfabeto ).
 Exmos Srs.
 Desembargadores e presidente do TJSP:
Meritíssimo juiz de execuções penais do presídio feminino de Sant’Ana;
VV. Excias,  hão de convir para essa irreparável injustiça prestes a ser cometida contra esse grupo de mulheres. E assim proclamo e exalto, data venia, porque basta realçar e asseverar o conjunto de vocações, a índole, a aptidão dessas criaturas: a contravenção,  a desobediência às leis e livre escolha ao cometimento de  toda forma de delito.
Ou VV Excias queriam que elas estivessem meditando, rezando, fazendo jejum ou outras práticas que purificassem a alma? Nossas indignas presas não são plantas, nem paus. Podem não ter nascido tortas. Mas tortuosas são , cresceram, assim foram educadas pelo meio de onde vieram e assim o serão “ad infinitum”.

Atenciosamente,
João Joaquim 

QUESTÃO DE PALAVRAS....

A GRAMÁTICA DA VIDA E DA MORTE  
  João Joaquim de Oliveira  


Todos sabemos o quanto é importante a comunicação, as palavras, expressões e frases para a coisa certa, na hora certa e também no contexto próprio. Sabe-se que até a entonação, a pontuação dos termos na frase tem tudo a ver com o sentido que se quer dar ao fato, aos seres, sejam eles abstratos ou não.
Vejam por exemplo como uma vírgula ou acento pode mudar todo o sentido de uma  locução, frase ou texto. Tome-se como exemplo uma mensagem de um presidente de um país a um comandante de guerra. Êi-la:  “ fogo não poupe a cidade”. Esta ordem com o uso da pontuação correta pode resultar em uma tragédia ou salvação de um sem-número de inocentes em função de uma vírgula(,) no texto. Conta-se que da transcrição errada de um telegrafista (anos 1916, I guerra mundial ), houve uma carnificina de uma população. O telegrama original era: “ Fogo não, poupe a cidade”. O comandante recebeu a ordem com a vírgula mal colocada: “ Fogo, não poupe a cidade”. Um desastre por causa de uma reles vírgula mal posicionada no texto telegráfico . Agora imagine hoje com o chamado internetês dos meios virtuais. Por isso que as mensagens eletrônicas não têm muita credibilidade. As pessoas estão cada vez mais se analfabetizando ( desculpe-me pelo neologismo).
Aliás, nosso riquíssimo e polissêmico Português com suas expressões idiomáticas já é cheio de armadilhas e incongruências difíceis para qualquer gringo que venha a estudá-lo. Veja esta pergunta como exemplo: você não poderia me fazer isto? Pois não! Tanto a interrogação quanto a resposta estão negando, quando na verdade entendemos o contrário. O mais coerente dessa resposta seria: pois sim!
Interessante e curioso no uso dos termos dúbios se dá por exemplo até  no mundo do crime. Aqui é quando os meliantes e corruptos e respectivos advogados trazem um outro sentido às palavras e verbetes. Os melhores exemplos têm-se mostrado agora depois do pavoroso e medonho mensalão e com a horrenda e monstruosa roubalheira de nossa petroleira, a Petrobras. E em todo esse sarapatel  , que é a operação lava-jato, é que percebemos a inteligência e esperteza dos criminosos e respectivos advogados em trazer novos significados para as siglas, palavras e frases. É como se eles estivessem reescrevendo uma nova gramática, sintaxe e semântica para a língua portuguesa. O bom de tudo também é que as polícias, ministério público e justiça produziram diversos neologismos e novos significados para palavras antes pouco conhecidas das pessoas. Assim temos mensalão, propina, lava-jato, pixuleco etc, que todos já sabem o significado .
E a tradução de algumas siglas também vem se tornando até pitoresca. Para a sigla PSM encontrada na agenda de um corrupto da Petrobras por exemplo. A polícia federal deduziu que se referisse ao deputado Paulo Salim Maluf. A explicação do investigado:  não, não! PSM seria a sigla do partido dos sem meta(PSM). JD sugere José Dirceu, veio o advogado do dito cujo e foi enfático! Não, não, JD são as inicias de jantar dos domingos. Ou seja para as siglas vale tudo. Deletar provas, em e-mail de um acusado; explicação dele ao juiz  da oitiva, não, não doutor,  se trata de provas de curso on-line. Eu vou estudando e destruindo o que eu estudo.  Ele só não explicou  se era curso de como enganar a Justiça ou alguma pós-graduação de como ficar mais rico sem trabalhar. Vai lá entender o seu internetês.  Agora adivinha se o juiz acreditou nisso.
Para concluir essas notas sobre o correto uso dos termos vale a pena citar uma tragédia ocorrida em 28 julho de 2015 com o jovem Adílio Cabral dos santos, em Madureira RJ. Este ambulante foi atropelado e morto por um trem da chamada super-via e o corpo lançado atravessado sobre os trilhos. Veio a primeira composição e não deu de parar e passou em cima do cadáver, sem, ao que parece, encostar nesse corpo. De pronto surge um grave dilema com os próximos veículos que vinham chegando na ferrovia. Retira o corpo atropelado ou pára  a composição? Não, não pode parar o trânsito porque cerca de 6000 passageiros vão ser prejudicados. E assim foi procedido. Ao todo três diligências da super-via trafegaram por cima do cadáver.
De imediato surgiu um grave conflito de questões éticas, morais e até penais para os responsáveis da concessionária de Madureira. Foi falta de humanidade com os despojos e família do atropelado?  Foi um descaso e crime de vilipêndio àquele cadáver? Interessados estavam os administradores da super-via, a polícia local, direitos humanos e ministério público. E pasmem todos. Eis que tais rumorosos clamores foram resolvidos com uma solução de interpretação e semântica por um guarda da própria concessionária dos trens. Ele se apresentou e foi breve. Era questão de uma vogal.
Na verdade, disse o funcionário em tom pedagógico, os trens não passaram em cima do cadáver. Eles trafegaram acima do corpo. E continuou o agente público com ar professoral ;  o mesmo se daria com uma morte sob um viaduto. A pessoa morta está em baixo e os carros passam acima daquele acidentado. Pouco importa se o espaço entre o corpo e parte inferior da composição seja de 50cm , 2 m ou 10 m. Veja o quanto uma simples questão semântica ou de interpretação  e correto uso de um termo, pacificaram todos os ânimos de quem interessado estava naquele evento trágico de que foi vitima o ambulante e anônimo vendedor de petiscos e balas; e não se falou mais nisso. 
 Com a desumanização da vítima e pobre morto e o  correto emprego de palavras deu-se por encerrado o caso. Se a família entender de reclamar à Justiça ou ao bispo local, certamente haverá alguma indenização a receber. Entrementes, com uma ressalva, o ressarcimento por danos morais  e materiais sairá  lá nas datas das calendas gregas, mais ou menos  em 30 de fevereiro de 2030. 

SOCIEDADE BELIGERANTE....

UMA GUERRA IGUAL A TODAS AS GUERRAS


João Joaquim

De gota em gota( morte em morte)temos um tragédia igual a todas as guerras. Todos assistimos à violência em  nossa volta, pelo Brasil e pelo mundo. Ela tem se institucionalizado de tal forma que aos poucos nos costumamos com ela. Vida é vida e não tem diferença aqui, ali ou em qualquer lugar . Mas, por que nos habituamos com a violência? Não importa contra quem ela ocorra. Contra a criança, a mulher, o idoso, os animais, o meio ambiente, a terra. Ela é sempre perniciosa, daninha, indigna e vil e não poderia ter quem dela divergisse. Não podemos aceitar passivamente a dor alheia.
 No concernente às questões da violência, nós, as pessoas comuns, sofremos uma espécie de adaptação ou analgesia. É um claro exemplo da síndrome de Estocolmo. O próprio Estado entra neste processo de anestesia. Nós, a sociedade e o mundo, nos encontramos num estágio de entorpecimento social. Trata-se de um comportamento de aceitação, de imobilismo frente a tudo aquilo que é ruim, maléfico, ilegal e criminoso. O Brasil com suas quadrilhas de criminosos graúdos e políticos tem sido um exemplo desse mal. A todo dia abrimos as páginas dos jornais, ligamos a televisão e estão lá as imagens  e narrações como se uma novela ou “reality show” fosse. São mortes no trânsito , no tráfico de drogas, mais uma operação  da Lava-Jato, mais empresários e políticos presos, num moto-contínuo .
É o princípio de “no varejo ou de grão em grão nada nos atormenta, nada nos faz mal”. Vamos pegar os casos da violência no trânsito. Dos nossos motoristas assassinos. A cada dia pessoas são executadas por motoristas ineptos e bêbados, por carros velhos e estradas mal conservadas. São poucos casos ,à primeira vista, se analisar uma cidade em  um dia. Ao final de um mês , somando todo o país, têm-se mais de cinco mil mortos (números de uma grande tragédia). Ao final de um ano têm-se mais de 60.000 mortos, números de grandes guerras.
Essa estatística não causa impacto nem abalo emocional nas pessoas comuns, nem no Estado como organismo político e administrativo porque foram pequenas tragédias que sucederam gota a gota. Pequenas, em tese. Pensemos em uma tragédia de trânsito que dizimasse 5000 pessoas de uma vez! Haveria uma estupefação nacional.  Até mesmo Internacional. Países, ONGs, estadistas; ditadores até; se mobilizariam oferecendo ajuda e pedindo ao governo brasileiro uma solução imediata e eficaz para minimizar ou evitar futuros casos de igual impacto.
Nenhum sociólogo e outro cientista precisam buscar exemplos tão remotos na história da humanidade. Tomemos o caso das mortes no incêndio da boate Kiss, em Santa Maria RS. Passados dois anos, aquela comunidade ainda se acha consternada. Foram 242 pessoas mortas em uma festa de confraternização . Isto choca até hoje porque foram muitas vítimas em um único episódio de incêndio. Se tivesse ocorrido uma morte por dia, ninguém, nem o Estado estavam se lembrando mais do horror daquela data.
Assim vem ocorrendo com os refugiados dos regimes tirânicos de países africanos (Eritréia, Guiné Equatorial, Darfur Sudão) ou nações em guerra. A Síria em quatro anos já exterminou mais de 300.000 pessoas. É o regime exterminador do presente do ditador Bashar Alsaad, contra o qual a ONU tem se mostrado inoperante como uma voz no deserto.
Hoje, em pleno século XXI dos tempos digitais( já tivemos  o século das luzes), estamos ( as pessoas e o mundo) vivendo uma tragédia a granel, de gota em gota, a que Estados Unidos e ONU não dão solução. Parece uma guerra onde os vencedores serão sempre os algozes e assassinos. Estou a me referir aos terroristas , fanáticos e fundamentalistas de países que se dizem muçulmanos. Eles vêm depredando e desmoronando patrimônios culturais  de três , quatro mil anos e o mundo não faz nada para detê-los . São  crimes contra a civilização humana.  Esses ratos e predadores  do estado Islâmico (EI ou Isis, boko-haram) vêm impetrando o holocausto dos tempos modernos. Somadas as vítimas do dia a dia, daqui a pouco, teremos uma tragédia igual a todas as guerras. São facínoras e a pior  face do mal.   Que horror.    setembro/15 

domingo, 30 de agosto de 2015

MORTE E MORRER

MORTE E MEDO DE MORRER
João Joaquim



  Eu começo esta crônica tomando de empréstimo uma citação do grande escritor, cronista e humorista Luiz Fernando Veríssimo. Numa entrevista perguntaram-lhe sobre a morte. Ao que de bate-pronto ele retorquiu “ É a última coisa que quero para mim”. Quanto humor sadio, severidade e realismo nesta frase. E aí então, sem muita Ciência, cientificismo, religião e pieguismo eu divago um pouco sobre a ideia que nós, os ocidentais, temos sobre essa tal das indesejadas e indigitada das gentes( parodiando Manoel Bandeira, bela perífrase ).
É interessante pontuar , até onde meu intelecto e meu saber alcançam, que o conceito de morte e existência pós-morte varia de acordo com a cultura e as crenças das pessoas. Para ilustrar essa visão diferenciada basta ler alguns princípios e dogmas do Hinduísmo, do Xintoísmo(Japão), do Islamismo. Quando citamos islamismo, não se pode confundir com o fundamentalismo (Isis, Boko-Haram etc). Porque o sistema e crença desses terroristas são uma abominação e absoluta degeneração dos escritos sérios e  sagrados do corão.
Quando se fala de morte para os seguidores e praticantes do cristianismo também fica de fácil entendimento. Afinal o seu protagonista maior, Jesus de Nazaré, personifica bem o que é o ciclo nascimento-vida-morte-vida pós-morte.
Abstraindo um pouco da visão e da era cristã eu gosto muito, tenho mesmo uma grande admiração por algumas correntes filosóficas sobre a bipolaridade de nossa existência vida e morte. Em curtas referências e sem divagações sistemáticas eu citaria por exemplo dois filósofos gregos: Sócrates e Platão, século III e IV a.C. É admirável como a cultura e filosofia desses baluartes da sabedoria grega (ocidental) se coadunam com os princípios e preceitos cristãos do novo testamento. São notáveis e encorajadoras, para os cristãos as convicções e crenças de Sócrates sobre imortalidade da alma. Uma demonstração de sua inabalável fé na imortalidade da alma foi quando condenado (por suas convicções) ao suicídio pela ingestão de cicuta (planta venenosa). Conta-se que no momento de sua execução ele debochou e ironizou dos pretores (juízes) que o condenaram e de seus carrascos. Sócrates afirmou que os seus algozes e inimigos estavam também condenados , não à morte ,mas  ao ostracismo e ao esquecimento, enquanto ele (Sócrates) viveria para sempre. A História revela que grande filósofo e sábio que foi, ele tinha absoluta razão. Sócrates(autor da lapidar frase -só sei que nada sei-) , sem dúvida garantiu seu assento em definitivo no panteão dos gênios e  avatares,  bem como ingresso ao rol dos  bem aventurados no reino dos céus. Viva o Sócrates. Ninguém  se lembra de seus algozes.
 Platão , como se sabe, foi discípulo e grande responsável em perpetuar os ensinamentos de Sócrates. Tornando aqui para nosso mundo menor, cristão e brasileiro. E mesmo para o dos  não cristãos e ateus. Eu penso que nós humanos, somos a única espécie que além de inteligente e racional temos consciência e certeza de nossa mortalidade, de que somos nascidos e mortais( memento mori)  . Outros animais têm medo da morte apenas quando ameaçados, mas não vivenciam a condição de mortais. Existe até um princípio existencial de que o homem (gênero) vive cada dia como se fosse o último, os animais irracionais vivem cada dia como se fosse o único, nem o primeiro, nem o último, mas um contínuo. Uma outra característica muito bacana e saudável das pessoas  é o fato de elas viver como se fossem eternas. Olha quanta beleza reside nessa habitualidade de levar a vida como se fôssemos eternos, sem começo, meio e fim. Imagina o quanto de angústia isso geraria, a todo instante eu me lembrar que um dia vou me apagar. Nós só introjetamos a ideia e sofrimento da morte quando somos ameaçados. Na vigência de uma doença mais grave, de uma ameaça física, frente a um perigo iminente. Basta lembrar das fobias de trânsito, de avião, de altura etc. Nessas horas, na verdade estamos expressando nossa fobia da morte.
Uma última questão que trago à reflexão se refere ao luto vivido pelas pessoas que perderam um amigo ou parente muito querido (filho, pai, irmão). Não é incomum depararmos com aqueles(as) que após a morte de um familiar vivem o resto da vida em profunda depressão e eternos lamentos pela perda desse parente.
O que eu como médico, filho e pai de dois filhos posso falar para essas pessoas em eterna luta no luto por algum parente? Eu que também já passei pelo luto de parentes próximos . Viver a vida da forma a mais bela, a mais pura e ética é o caminho mais seguro de uma vida feliz aqui e depois do aqui.

A morte é um fenômeno indissociável da vida. Diante da  perda de alguma pessoa que nos era querida e amável nos resta, de fato, lamentar o seu fim, a sua extinção de nosso convívio. Todavia, que essa angústia, esse luto não perdure por meses ou anos a fio. Frente à morte de alguém de nosso círculo  de amizade ou de sangue o que devo fazer é aproveitar a memória, os legados que essa pessoa deixou para mim, para a sua família  e para a minha família, quando não até para a comunidade onde ela vivia e para o mundo. Aqui, sim, eu posso então dar significado não só à perda dessa pessoa querida, afetuosa, amável e útil aos que ficam , mas sobretudo às suas contribuições deixadas em vida.  

PENSAR E FALAR

PENSAR É LIVRE, EXPRESSAR NEM TANTO  

 João Joaquim 

É opinião unânime que um dos mais nobres tributos da condição humana seja a liberdade. E aqui é ser livre no sentido o mais amplo possível. Imaginemos a mais nobre e primitiva dessas liberdades que é o direito de locomoção ou como se diz no vulgo o de ir e vir. Não é sem razão que uma forma que o Estado encontrou para punir um criminoso é com a privação da liberdade. Em termos frios e realísticos o encarceramento de uma pessoa é mais cruel do que a pena de morte. Isto é sobretudo verdadeiro no Brasil onde as condições dos presídios são desumanas e degradantes. O nosso próprio ministro da justiça José Eduardo Cardoso já opinou que preferia morrer a  ser hóspede de nossas penitenciárias. São autênticas pocilgas com um alto grau de putrefação, insalubridade e muita indignidade à pessoa humana. Tratar qualquer  delinquente  de forma degradante e desumana é se igualar aos instintos e condutas delitivas desse próprio criminoso.
Mas, em termos conceituais, o que é liberdade? Consultando nossos léxicos tradicionais está lá assentado: liberdade é o poder que tem o indivíduo de decidir ou agir conforme sua própria determinação( ou sua própria vontade). Quando buscamos a definição por exemplo nas Ciências Jurídicas e na área constitucional temos que a liberdade não é um poder absoluto de agir ou decidir conforme a própria vontade do indivíduo. É o velho princípio de- meu direito termina onde começa o direito do outro, do meu próximo e semelhante-  Faz todo sentido esse balizamento e limitação da liberdade de cada um. Imagine quanta anarquia nas relações humanas se cada pessoa pudesse falar ou expressar o que lhe desse na cabeça. Seria um caos com interações muito aflitivas e tensas no convívio humano.
Carlos Ayres Britto, ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF), cravou essa: “ a liberdade de expressão é a maior expressão de liberdade”. Eis que então entra nessa liberdade uma limitação, ou seja, eu posso até dizer o que eu determino ou quero sobre alguém ou alguma entidade. Todavia, com uma ressalva, eu estarei sujeito a ser interpelado judicialmente por eventuais ofensas a terceiros. São explicações adicionais feitas pelo próprio ministro.
Tais ditames e ressalvas previstas em lei não foram consignadas sem razão e sim concebidas para uma convivência e coexistência harmoniosa e respeitosa entre as pessoas e entre todos os segmentos públicos e privados da sociedade.
Há muitas formas de liberdade que são quase  absolutas. A liberdade de criação artística por exemplo. Se formos pensar com muito rigor ainda cabe aqui alguma ressalva. Imagine por exemplo um artista no ato de retratar alguém  (pintor-fotógrafo). Tem-se  uma tela desse pintor. Uma pessoa que porventura tenha um defeito anatômico, uma deformidade física por uma doença mutilante ou que seja uma pessoa que não gosta de se mostrar! Certamente essa pintura, essa obra de arte vai trazer um impacto negativo no emocional ou bem-estar dessa personagem retratada . Veja que mesmo na criação artística o indivíduo não poderá dizer tudo o que se passa em seus pensamentos, em sua autodeterminação( conceito de liberdade)  de pintar ou escrever tudo que pensa. Deve haver um balizador, um limitador de expressão, no sentindo de apaziguar interesses e sentimentos antagônicos.
 O que é saudável e construtivo nesse mundo de pessoas tão diversas é o exercício de muitas outras virtudes e expedientes que tornem nossas vidas uma troca contínua de conhecimentos e experiências. Assim, paralelamente ao exercício de muitas liberdades por que não o respeito às diferenças? Por que não a cultura da gentileza, do acolhimento ao outro? Por que não o saber ouvir sem desdém ou subestimação  as ideias e opiniões contrárias a minha? Por que não aproveitar um pensamento, uma reflexão positiva, uma iniciativa salutar até de um rival profissional ou político?
O que eu quero deixar como mensagem é que ninguém é dono da verdade. Liberdade assim como o domínio do conhecimento tem limites. Dessa forma e em nome da paz entre as pessoas o melhor é o espírito de respeito , cooperação e compartilhamento de valores e conhecimentos . E não perder de vista que outro bom conselho vem de Sidarta Gautama, o Buda, o melhor caminho é o caminho do meio, o equilíbrio e harmonia em tudo. Entre as pessoas idem.

 “Quaisquer Palavras Que Pronunciamos, Devem Ser Escolhidas Com Cuidado Porque As Pessoas Ouvem E São Influenciadas Por Elas, Para O Bem Ou Para O Mal” (Buda).   Agosto/2015

LIVRE ARBÍTRIO..

OS CARMAS E FARDOS DO LIVRE-ARBÍTRIO

João Joaquim


 Eu já abordei, mas quero colocar de novo em baila um tema de que se fala muito dele nos últimos anos, a liberdade. Eu penso ser uma das faculdades a mais nobre entre todos os animais. É a capacidade ou aptidão mais almejada do gênero humano, não importando que idade ou condição tenha essa pessoa. Ela representa uma das conquistas do indivíduo ainda nos albores da existência. Basta lembrar da criança quando no ato de  engatinhar. E olha quanto trabalho ela exige, nessa fase, dos pais e babás. Afinal trata-se de uma das maiores habilidades na primeira infância, a liberdade de locomoção, a capacidade de ir e vir. Talvez a maior das liberdades ao lado da expressão e opinião. E assim prossegue o homem em sua jornada. Vem o início da fala. A criança já no domínio das primeiras palavras nos dá a maior lição de liberdade. Qual seja, a liberdade do questionamento, do como e do  por quê de tudo.
Em tom espirituoso, mas não menos verdadeiro pode-se afirmar que os filósofos nunca deixam de ser crianças porque eles são perguntadores por excelência. Esta, sim, constitui uma das maiores expressão de liberdade. Eu que sou um noviço e apaixonado por filosofia, não importa que ramo seja; reaprendi a ter o espírito e a curiosidade das crianças, que não se contentam em simplesmente ver alguma coisa acontecer. Elas exercem essa sagrada liberdade da interrogação:  o que é isso? Para que serve aquilo? Como funciona tal equipamento ou fenômeno?  como nasce uma pessoa? E atenção pais, cuidadores e educadores! Nunca dos nuncas reprima uma criança nessa tão legítima e sagrada liberdade da curiosidade. E jamais falseiem ou mintam para seu filho, seu aluno, ainda que essa e outra pergunta soa embaraçosa. Sejam francos, inteligíveis  e honestos a qualquer questionamento.
Assim que a criança vai se desenvolvendo e aumentando o seu campo de conhecimento torna-se de grande significado e determinante o papel dos pais, cuidadores e educadores no crescimento “lato sensu” e formação dessa criança. É da natureza e fisiologia da infância, adolescência e juventude a impulsividade, a irresponsabilidade e a ausência de limites, a não obediência a regras e normas de conduta. Nesse percurso da vida torna-se relevante o papel do adulto, da família, enfim do meio social onde acha inserido de forma interativa esse adolescente, esse jovem em formação. É desse segmento da vida que se pode tirar o provérbio “ dize-me com quem andas e dir-te-ei quem és”.
Pode-se cravar que é dentro dessas diretrizes e princípios que o sujeito pode se tornar uma pessoa cidadã no amplo sentido do termo.
Em se tornando um cidadão de direitos e deveres, frise-se os verbetes direitos e deveres, este sujeito faz jus ao título de cidadania, que encerra civilidade e civismo . O que é um Cidadão?  Indivíduo dotado de dignidade, consciente de sua condição de convivente de uma sociedade onde devem imperar a ordem, o respeito às normas do grupo, às leis e convenções estabelecidas pela sociedade e pelo Estado. Nessa esfera ou trajetória da vida ficam patentes mais do que nunca o exercício e fruição de toda forma de liberdade, mas com responsabilidade. Direitos e deveres em equilíbrio .
É útil e oportuno que se registre que vivemos em uma sociedade onde têm imperado os excessos de liberdade. Muita libertinagem e devassidão .  Seriam toda forma de comportamento e atitudes sem a absoluta preocupação com a liberdade e direito do outro de ter também a sua liberdade de escolha, do estilo de viver, de opinião, de expressão e atos os mais banais do dia a dia.
Uma outra faculdade ou condição inerente ao gênero humano de que usufruem as pessoas se refere ao livre-arbítrio ou a também chamada (em filosofia) de liberdade de indiferença. Trata-se de um atributo que mal exercido traz grandes danos a terceiros, à família, ao grupo social e mesmo ao Estado. Para exemplificar essa pseudoliberdade ou livre-arbítrio vamos imaginar um indivíduo drogadito ou um alcoólatra contumaz. Um e outro estão no livre-arbítrio de ser um usuário de drogas ou ser alcoólatra por toda a vida. No entanto, dessa “liberdade” de se autodeterminar para esses nocivos e perniciosos vícios muitos danos poderão resultar para outras pessoas, muito sofrimento e dor familiar. Vamos explicar melhor.
Imagine, como se vê em muitas famílias, um chefe de família (pai, marido) que passa longos anos no abuso do álcool! Um dia esse organismo vai cobrar a conta. Uma cirrose hepática, um derrame cerebral com sequelas incapacitantes. Pergunta-se: que liberdade ou livre-arbítrio foi esse de no futuro, esse drogadito ou alcoólatra  se transformar num pesado fardo e estorvo para a família?

 Por isso deixo esta última mensagem: nem toda liberdade e livre-arbítrio podem ser absolutos e sem limites porque as consequências podem ser muito danosas, de tormentas  e de grande sofrimento moral, físico e emocional  aos familiares e ao Estado que vão cuidar desse agora incapaz que se entregou aos prazeres da vida. E eles existem aos milhares por aí em nossas famílias, em nossa sociedade. Eu tenho esse tipo na família , tu podes ter,  nós e muitos outros poderemos os ter um dia ,  como um carma, uma cruz eterna e pesada. Quão triste pensar nesses nossos bebuns e outros dependentes químicos no seu danoso livre-arbítrio e futuros trambolhos para os parentes que nada tinham a ver com esses vícios .       Agosto/  15

ASSASSINATO DE CECIL...

QUEM É MAIS CIVILIZADO O HOMEM OU O LEÃO ?
 João Joaquim 



O mundo todo tomou conhecimento do assassinato do Leao Cecil(13 anos) que vivia numa reserva do Zimbábue , África. Fato perpetrado pelo dentista americano Walter J. Palmer, em 01 de julho 2015. A Dra. Jane Goodall, primatologista britânica,  uma das mais famosas conservacionistas do mundo, disse em  nota oficial  não ter palavras para expressar a sua repugnância quanto ao que houve com o leão. “Fiquei chocada e enraivecida com a história da morte de Cecil”. O leão  Cecil era estudado pela Universidade de Oxford – Inglaterra.  A pergunta que fica é : será que o homem está involuindo nos seus sentimentos de amor ao outro, aos outros animais e à natureza ? Estamos nos embrutecendo ?
Quando debruçamos sobre a origem,  primórdios e  evolução da humanidade é oportuno que façamos algumas reflexões comparativas entre aquele homem ancestral de Neanderthal ou o Cro-Magnon  e o homem de hoje, século XXI, ou era da robótica e virtualidade (informática, internet )etc.
Eu trago esta reflexão à pauta sobretudo no que concerne a alguns atributos ou características desse animal que somos nós; sujeito racional, diferenciado dos outros animais ditos inferiores (porque não racionais) e portador de outras qualidades como inteligência elevada, capacidade de amar, de chorar, de se sensibilizar com o sofrimento do semelhante ou não semelhante etc. Estamos perdendo esses sentimentos ?
Além dessas virtudes e faculdades inatas, um animal capaz de aprender e introjetar muitos outros sentimentos e valores como comportamento de solidariedade, atitudes éticas, respeito ao próximo, preservação da natureza e da vida selvagem e muitas outras condutas compatíveis com sua condição de animal superior, inteligente e dotado de razão. Estamos nos enlouquecendo e perdendo a razão ?
Sem contar, como eu acredito, que somos também constituídos de um binômio somato-espiritual, ou feitos de  carne e osso e também de alma. E me arvoro até em afirmar que esta sim, é nossa principal distinção dos irracionais porque nos torna de fato humanos com algumas chispas especiais  e intelecto que nos aproximam de Deus. Será que estamos nos tornando cada vez mais aliados do diabo  ?
Promovendo então um mergulho na História de nossos primitivos representantes, lá nos idos milênios do homem de Neanderthal (homo sapiens sapiens, Cro-Magnon) considero de interesse psiquiátrico ou psicológico e sociológico que façamos uma comparação entre o modus vivendi, a personalidade e a dita racionalidade daquele homem das cavernas e esse homem de nossa hipermodernidade. Esse homem que foi à lua, a marte, que enviou uma sonda para plutão. Esse homem moderno que criou até a inteligência artificial. Será que estamos nos idiotizando ?
Naqueles tempos pré-históricos é natural inferirmos que o homem praticasse por exemplo o extrativismo vegetal, o abate de animais com o objetivo estrito de prover a alimentação de si e da família (tribo). No embate com indivíduos da mesma espécie de outras tribos é provável que houvesse até alguma violência e assassinato. Fato compreensível e aceitável porque é consequência de rivalidade de qualquer animal. É a expressão e o exercício dos instintos selvagens de todo bicho, sendo ele racional ou não, uma autodefesa e preservação da prole, por exemplo.
No que se refere à relação do homem primitivo com a natureza, com a terra. É conclusivo afirmar que esse vínculo e usufruto era de absoluto respeito, uma vez que não se dispunham de ferramentas e produtos químicos que degradassem ou adoecessem o meio ambiente. A exploração de toda forma de vida vegetal ou animal era para a exclusiva sobrevivência alimentar.
Vamos nos aproximar de nossa era, de nosso segundo milênio e idade moderna para cá. Como era o Brasil nos idos de 1500? Uma vastidão de matas e florestas verdejantes, rios e mares nativos, flora e fauna abundantes. Os habitantes:  várias tribos indígenas, uma nação de índios muito parecida nos hábitos e costumes com o homem de Neanderthal ou com a própria  Luzia, essa mineirinha que viveu em Pedro Leopoldo MG  11000 anos antes de cristo ( nome dado pelo biólogo Walter Alves Neves, ao fóssil ali encontrado).
Eis que então a Terra Brasil  e outras plagas desse planeta são ” descobertas” e invadidas por outras nações e homens mais civilizados que os selvagens e silvícolas, primitivos e verdadeiros donos desses paraísos naturais. E as relações desse homem moderno (homo modernus) com a natureza, com o meio ambiente, com a fauna e com o próprio homem? Destruição predatória insana e sem limites, poluição da atmosfera e de rios, montanhas de lixos a contaminar os solos e mares, aniquilamento e extinção de muitas espécies animais, acúmulo de toneladas de CO2 e outros gases tóxicos na atmosfera e muitas outras sujeiras pelo planeta.
 Nas relações inter-humanas, somos a única espécie capaz de queimar o outro ainda vivo, esquartejar ou executar o semelhante por motivos fúteis ou sem motivo algum. Somos uma organização política e estatal que tolera outro estado bandido e terrorista dentro do próprio estado oficial. Exemplos, o Isis e Boko-Haram ( fundamentalistas islâmicos ), PCC- primeiro comando da capital (SP ) e comando vermelho(RJ)  etc.
E nos esportes? Estamos num estágio tal de subdesenvolvimento que se permite que o homem por prazer e superioridade lance um fecha em um leão, deixe-o agonizante e depois dê-lhe um tiro de misericórdia e o decapita e exibe essa cabeça como troféu! Foi o que ocorrera com o Leão Cecil lá no Zimbábue , uma demonstração da crueldade e barbárie de que  é capaz esse homem apelidado de civilizado , inteligente e desenvolvido de nossa era moderna. Imaginem , se ele não fosse!
 E sabem o que mais horroriza e aterra as pessoas de bem e de sentimentos bioéticos ? Constatar  que homens que nos governam e representam, chamados de estadistas e excelências tornem todas essas infâmias e carnificinas legalizadas , com a permissão da caça e abate dos ditos animais selvagens , prática a que eles intitulam de esporte e diversão . Que civilização humana é essa  ? Acho que se  fosse uma civilização animal estaríamos melhor nas fotos e nos vídeos. Nosso repúdio a todos os que fazem e aos que oficializam essa barbárie . Nossas exéquias e nênias ao belo e dócil leão Cecil .  

João Joaquim de Oliveira  médico e articulista do DM

Assassínios de Reputações

Quando se fala em assassinato, tem-se logo o conceito desse delituoso feito. Ato de matar, de eliminar o outro, também chamado de crime cont...